Metanol, crise e reputação
A crise do metanol parece ter arrefecido, já não toma conta das headlines, mas está longe de terminar. Pode estar se transformando em “fogo de monturo”, que vai queimando silenciosamente, sem grandes alardes. Queima reputação e compromete toda a cadeia de produção, distribuição, venda e consumo de bebidas. Todo o setor está sendo colocado em xeque. As pessoas olham com desconfiança para bares, restaurantes e até hotéis. E o impacto é evidente: o consumo de bebidas destiladas caiu vertiginosamente.
As associações ligadas ao segmento têm buscado uma resposta pedagógica: explicam seus processos de produção, rastreabilidade, venda/compra, armazenamento e controle de qualidade, tentando reconstruir a credibilidade junto ao público. Enquanto isso, o governo mantém a orientação de cautela, afirmando que não é seguro consumir destilados até que tudo esteja apurado. E não é só o governo. Médicos de dois hospitais mais relevantes do País, o Albert Einstein e o Sírio Libanês, também reforçam a posição do Ministério da Saúde. Em entrevista à Folha de São Paulo, o gerente de pronto atendimento do Sírio disse: "não consuma bebida alcoólica, principalmente os destilados. Nós não sabemos ainda qual é o caminho e o que foi adulterado".
No centro dessa crise, que (como todas) também envolvem boatos e desinformação, temos uma certeza: a comunicação é essencial. É ela que aproxima as marcas do público e permite esclarecer, informar e reconstruir a confiança. Fazer a coisa certa e cumprir a lei é o mínimo esperado de qualquer empresa. É preciso mais do que isso: é preciso ser percebido como confiável. E essa percepção é fruto de algo que não se cria da noite para o dia. Uma reputação sólida é construída nas ações, nos posicionamentos, nas campanhas, na comunicação com seus públicos em variados canais. Desenvolver esses processos de forma estratégica é essencial na prevenção e no gerenciamento das crises.
* Jornalista, MBA em Administração de Marketing pela UPE, diretora da Brava Comunicação.
___
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail [email protected] e passam por uma curadoria antes da aprovação para publicação.
