Tontura pode ser desde sensação passageira até problemas mais sérios
Cerca de 30% da população mundial sofre de tonturas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O distúrbio pode ter diferentes causas, e ser até indicativo de doenças mais graves, como problemas cardíacos ou mesmo quadros de depressão.
A tontura também é um dos três maiores motivos de idas aos serviços de emergência de otorrinolaringologia. Portanto, é crucial que os pacientes procurem atendimento médico quando experimentam tonturas persistentes.
De acordo com o Comitê de Audição e Equilíbrio da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço, a tontura pode ser definida como toda e qualquer sensação ilusória de movimento sem que haja movimento real em relação à gravidade.
Além da tontura, existem outros sintomas com efeitos similares, como as vertigens (sensação de automovimento), os sintomas vestíbulo-visuais e o desequilíbrio postural.
A tontura é um sintoma que o paciente pode relatar de diversas formas. Ela pode ser uma sensação de cabeça vazia, sensação de desmaio (sem desmaiar), de flutuação, mal estar na cabeça ou uma vertigem , que é a sensação alterada do equilíbrio ou de movimento enquanto o paciente está parado.
Existem diferentes tipos de tonturas, incluindo tontura periférica, central e não vestibular, cada uma com características distintas e causas específicas.
As tonturas podem ser causadas por uma série de fatores, incluindo infecções do ouvido interno, distúrbios do labirinto, alterações na pressão arterial, distúrbios neurológicos, efeitos colaterais de medicamentos e condições como ansiedade e enxaqueca.
Fatores de risco incluem idade avançada, histórico de enxaqueca, problemas de equilíbrio prévios e uso de certos medicamentos.
Existem várias doenças que podem apresentar tonturas. A alteração do labirinto mais frequente é a VPPB. Mas pode-se ter tonturas em casos de neurite vestibular, doença de Menière, labirintite (infecção do labirinto).
Há também outras situações em que a tontura pode estar presente: durante o uso de algumas medicações , doenças cardíacas, visuais, da coluna, metabólicas, neurológicas e psiquiátricas.
Anualmente, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) promove a Semana da Tontura. A campanha já está no seu sétimo ano, e é uma iniciativa para chamar atenção para o sintoma e as doenças que acometem o labirinto, que vão muito além da labirintite, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) ou a Doença de Menière.
Neste ano, a campanha tem o slogan “Tontura é coisa séria”, e busca abordar o equilíbrio na terceira idade. A ideia é alertar para a necessidade de um diagnóstico preciso para o tratamento adequado da tontura nos idosos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida mas, sobretudo, de prevenir as quedas e suas consequências nesta população. Diversas doenças podem comprometer o equilíbrio nesta faixa etária.
O médico é o profissional capacitado para identificar as causas da tontura e indicar o tratamento adequado. O otorrinolaringologista pode avaliar as queixas do paciente e após exame físico detalhado, solicitar os exames complementares necessários para cada paciente e direcionar de uma maneira individualizada o melhor tratamento. Podendo ser com uso de medicação, manobras de reposicionamento, reabilitação vestibular ou encaminhamento multidisciplinar.
Além do tratamento, é importante fornecer orientações sobre prevenção e cuidados futuros para pacientes com tonturas recorrentes. Isso pode incluir evitar gatilhos conhecidos, como certos alimentos ou ambientes, praticar técnicas de relaxamento e equilíbrio, e manter um estilo de vida saudável.
O equilíbrio é um aspecto fundamental para a qualidade de vida na terceira idade pois está diretamente relacionado à capacidade de se movimentar com segurança e autonomia. Avaliar o equilíbrio nessa fase da vida é essencial para prevenir quedas e lesões que podem ter consequências graves para a saúde dos idosos.
* Otorrinolaringologista do Hospital Santa Luzia.
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