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Os segredos dos morcegos vampiros para viver só de sangue

Apenas duas outras espécies de mamífero se contentam com esse tipo de dieta, ambas de morcegos: os "vampiros de patas peludas" e os "vampiros de asas brancas"

O morcego "vampiro commum"O morcego "vampiro commum" - Foto: Brock Fenton/ Nature Publishing Group/ AFP

O "vampiro commum", um morcego de nome evocativo, desenvolveu suas próprias ferramentas para compensar o baixo valor nutricional do sangue e as muitas doenças que transporta, integrando assim a pequena família de mamíferos amantes de sangue, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira.

"Os vampiros comuns têm um regime alimentar extremo, e nesse sentido precisam de muitas adaptações no organismo", explica à AFP Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague, co-autor do estudo.

Com sua impressionante mandíbula, seus dois grandes dentes incisivos, e gosto pelo sangue, o vampiro commum (Desmodus rotundus) construiu uma reputação um tanto assustadora. Ainda mais porque se nutrir exclusivamente de hemoglobina é muito raro no reino animal. O sangue é pobre em nutrientes, em glicídios e em vitaminas. Além disso, transporta muitas doenças.

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Apenas duas outras espécies de mamífero se contentam com esse tipo de dieta, ambas de morcegos: os "vampiros de patas peludas" e os "vampiros de asas brancas".

Para descobrir o que permite ao animal viver apenas de sangue, Marie Zepeda Mendoza, da Universidade de Copenhague, e seus colegas sequenciaram o genoma do animal e estudou os micro-organismos (bactérias, leveduras, fungos, vírus) que abriga. Segundo o estudo publicado nesta segunda-feira na Nature Ecology & Evolution, o genoma do vampiro compreende duas vez mais variantes genéticas do que os demais morcegos, que consomem frutas, néctar ou insetos.

Uma descoberta que revela as muitas mudanças genéticas ligadas a esse modo de alimentação. "A evolução certamente aconteceu de forma gradual. Os vampiros começando a comer insetos que se alimentam de sangue e depois atacando o próprio sangue", diz Tom Gilbert.

Os pesquisadores também estudaram as fezes dos vampiros, descobrindo a presença no corpo do animal de mais de 280 bactérias conhecidas por causar doenças em outros mamíferos.

Para o pesquisador, essa capacidade de viver apenas de sangue, uma abundante mercadoria para a qual existem poucos concorrentes, representa "uma grande vitória evolutiva".

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