Paramilitares anunciam que aceitam proposta de trégua humanitária no Sudão
O governo sudanês, alinhado com o exército, indicou no início desta semana que seguiria com a guerra após uma reunião interna
As Forças de Apoio Rápido (FAR), um grupo paramilitar sudanês que está em guerra há mais de dois anos com o exército regular, anunciaram, nesta quinta-feira (6), que haviam aceitado uma proposta de trégua humanitária apresentada pelos mediadores.
"Em resposta às aspirações e interesses do povo sudanês, as Forças de Apoio Rápido confirmam seu acordo para entrar na trégua humanitária proposta pelos países do Quad", afirmaram as FAR em um comunicado, em referência ao grupo formado por Estados Unidos, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
"As FAR esperam (...) iniciar conversas sobre os acordos para o cessar das hostilidades", afirmou o comunicado publicado em seu canal do Telegram, no qual se elogiam os esforços dos mediadores.
Leia também
• Autoridades apoiadas pelo Exército do Sudão examinam proposta de trégua dos EUA
• Dezenas de milhares de civis fogem de conflito no Sudão
• ONU pede fim do conflito no Sudão após massacre em hospital
Por sua vez, o chefe do exército sudanês, Abdel Fatah Al Burhan, declarou que suas forças continuavam "derrotando o inimigo e garantindo a segurança do Estado sudanês até suas fronteiras".
Após uma reunião sobre a proposta impulsionada por Washington, a administração pró-exército com sede em Porto Sudão anunciou, na terça-feira (4), que tinha intenção de continuar a guerra, mas também de apresentar um plano para "facilitar o acesso à ajuda humanitária" e "restabelecer a segurança e a paz".
O conflito entre o exército e os paramilitares, que estourou em 2023, deixou dezenas de milhares de mortos e cerca de 12 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Novas imagens de satélites analisadas pela Universidade de Yale detectaram atividade "compatível com valas comuns" na cidade sudanesa de El Fasher, tomada pelos paramilitares, mais de uma semana após denúncias de massacres na região.
Desde a tomada desta cidade de Darfur, uma região do oeste do Sudão, a ONU informou sobre massacres, estupros, saques e deslocamentos massivos da população.

