Parentes procuram por corpos nas áreas de mata dos complexos do Alemão e Penha
Área tem o terreno acidentado e é de difícil acesso. Ao menos mais dois mortos foram encontrados
Dezenas de parentes de possíveis mortos na megaoperação das polícias do Rio nos complexos da Penha e Alemão estão nas áreas de mata buscando pelos corpos. Mais de 120 pessoas morreram na ação desta terça-feira — a mais letal da história fluminense.
Na região conhecida como Pedreira, ao menos dois corpos foram encontrados pelo grupo na manhã desta quarta-feira, de um homem e uma mulher.
A região é de mata fechada e difícil acesso. O terreno é acidentado e muito escorregadio, dificultando o trabalho do grupo, formado somente por parentes. Moradores relatam que ainda há diversos corpos nessa região, o que pode fazer os números de mortes da mega operação aumentar ainda mais.
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Total de mortos supera Carandiru
Três décadas depois do massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos em São Paulo e se tornou símbolo da violência policial no país, o Brasil volta a registrar uma tragédia sem precedentes.
A megaoperação policial no Complexo da Penha e no Alemão, no Rio de Janeiro, ultrapassou o episódio de 1992 em número de vítimas e passou a ser considerada a mais violenta da história nacional — ainda que os dois casos envolvam contextos muito diferentes: um dentro do sistema prisional, outro em plena área urbana, em confronto direto com o tráfico de drogas.
De acordo com dados oficiais publicados ainda na terça, 64 pessoas morreram — 60 apontadas como criminosos e 4 policiais. No entanto, o número pode ser ainda maior. Durante a madrugada desta quarta-feira, moradores da Penha levaram ao menos 64 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas. Segundo a Polícia Militar, os corpos não estão incluídos no balanço divulgado na véspera. Ao todo, ao menos 128 suspeitos morreram.

