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EUROPA

Parlamento Europeu rejeita moção de censura contra Ursula von der Leyen

A proposição foi apresentada e promovida por políticos da extrema direita

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der LeyenPresidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen - Foto: Jean-Christophe Verhaegen / AFP

A sessão plenária do Parlamento Europeu rejeitou nesta quinta-feira (10), por ampla margem, uma moção de censura contra Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE.

A moção, apresentada e promovida por legisladores de extrema direita, recebeu apenas 175 votos a favor e 360 contra.

Dezoito eurodeputados optaram pela abstenção.

Em uma mensagem na rede X, Von der Leyen observou após a votação que "em um momento em que forças externas buscam nos desestabilizar e dividir, é nosso dever responder de acordo com nossos valores".

A votação de hoje representa uma vitória política para Von der Leyen, embora o debate, realizado na segunda-feira, tenha exposto as fraturas na aliança que a apoia no Parlamento Europeu.

O resultado da votação era considerado praticamente certo, tanto que Von der Leyen manteve uma viagem à Itália em sua agenda e não compareceu ao Parlamento Europeu.

O equilíbrio político do Parlamento se apoia em uma via de mão tripla formada pelo Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), pelos Social-Democratas (S&D, centro-esquerda) e pelo Renew (liberais centristas).
 

No debate de segunda-feira, no entanto, os social-democratas e os centristas denunciaram o flerte do PPE e de Von der Leyen com partidos de extrema direita em questões como mudanças climáticas, agricultura e transição verde.

Na rede X, a eurodeputada espanhola Iratxe Gracía, presidente do bloco social-democrata, observou que "os socialistas europeus são fiéis aos nossos princípios e votam NÃO à extrema direita e às suas iniciativas destrutivas".

No entanto, ela acrescentou que o seu bloco "exige um compromisso real do PPE com uma Europa social, justa e verde".


Apoio não é "incondicional"
Na rede X, a francesa Valerie Hayer, do Renew, comemorou a derrota da moção de censura, mas exigiu que Von der Leyen encerrasse as alianças de sua "família política" (PPE) com a extrema direita.

O apoio do bloco centrista a Von der Leyen, alertou, "não é incondicional".

O líder do bloco do PPE, o alemão Manfred Weber, publicou uma foto com Von der Leyen no X.

"É sobre o povo. Nos importamos com suas demandas e continuaremos trabalhando incansavelmente para cumprir nossas promessas", publicou o eurodeputado alemão.

A moção de censura foi proposta por um eurodeputado romeno de extrema direita, Gheorghe Piperea, que critica a falta de transparência de Von der Leyen e da Comissão no escândalo "Pfizergate".

Von der Leyen nunca tornou pública uma troca de mensagens de texto com o CEO da Pfizer, Albert Bourla, durante a pandemia do coronavírus, quando a Comissão negociava a compra de grandes quantidades de vacinas daquele laboratório.

Piperea também acusa a Comissão Europeia de "interferir" nas eleições presidenciais da Romênia em maio, que resultaram na vitória do candidato pró-europeu Nicusor Dan.

Em sua defesa, Von der Leyen acusou Piperea e outros parlamentares de extrema direita de serem "extremistas" e "antivacina".

A moção de censura "é retirada diretamente do velho manual dos extremistas, dividindo a sociedade e corroendo a confiança na democracia com falsas alegações", disse Von der Leyen.

Uma moção de censura à Comissão Europeia nunca foi aprovada e o mais perto que chegou disso aconteceu em 1999. Antes de uma votação que parecia perdida desde o início, o luxemburguês Jacques Santer se antecipou e renunciou, juntamente com toda a Comissão, após um relatório devastador sobre sua responsabilidade em casos de fraude.

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