Policial penal que atirou em entregador no Rio de Janeiro já foi detido por uso de carro clonado
José Rodrigo da Silva Ferrarini foi liberado após pagar uma fiança de R$ 11 mil, em janeiro deste ano
O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, acusado de disparar contra o entregador Valério Júnior em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, foi detido, em janeiro deste ano, por usar um veículo clonado. Apesar do flagrante, o agente foi liberado após pagar uma fiança de R$ 11 mil, e seguiu atuando em suas funções na polícia penal.
Em nota enviada ao Globo, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que o caso segue sob acompanhamento da Corregedoria da pasta.
Na ocasião do flagrante, o servidor havia sido abordado pela Polícia Rodoviária Federal e, questionado sobre o VW NIVUS que dirigia, alegou ter comprado o veículo de um suposto representante, chamado Alex, há cinco meses. De acordo com Ferrarini, o carro custou R$ 80 mil, sendo metade do valor abatido na concessão de um veículo anterior e os outros R$ 40 mil pagos em espécie e Pix.
Pela falta de comprovantes de pagamento ou qualquer registro acerca da negociação, como também pela discrepância entre o valor pago e o valor de mercado, a equipe decidiu realizar uma identificação veicular e constatou que dados do carro foram alterados, o que indicava a existência de um registro de roubo ou furto. O agente penal, então, foi conduzido à 60ª DP, em Duque de Caxias, onde foi temporariamente detido.
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No passado, José Rodrigo Ferrarini foi condenado a três meses de prisão pelo crime de lesão corporal contra a ex-mulher. Segundo a Seap, a pena foi convertida em suspensão condicional do processo. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) também foi aplicado ao caso, o que resultou em uma suspensão de 20 dias.
Disparo contra entregador
Na madrugada do último sábado, Ferrarini discutiu com Valério Júnior, que se recusou a levar um pedido além da portaria, seguindo as regras do aplicativo, e atirou no pé do entregador.
O agente foi autuado pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), ouvido na 32ª DP (Taquara) e liberado inicialmente. Em nota, a Seap afirmou que "a conduta atribuída ao servidor ocorreu fora do exercício de suas funções" e informou que a Corregedoria acompanharia o caso.
Segundo o delegado titular da 32ª DP, Marcos Buss, a liberação inicial ocorreu porque os investigadores ainda não tinham ouvido a vítima nem analisado imagens que circulavam nas redes sociais.
— Quando ouvimos Valério e tivemos acesso às filmagens, representamos pela prisão temporária — explicou Buss, acrescentando que o acusado alegou ter atirado por acidente. — Segundo ele, anda sempre armado e, em dado momento, a arma disparou.
Após a prisão, a Seap anunciou o afastamento do policial por 90 dias, abertura de processo administrativo disciplinar e classificou sua conduta como "abominável". Ferrarini é investigado por tentativa de homicídio qualificada por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.

