Protestos contra reeleição de Maduro são registrados em favelas de Caracas: "Entregue o poder!"
Manifestantes, em sua maioria jovens, queimaram pôsteres com o rosto de Maduro que promoviam sua candidatura
Menos de 24 horas depois do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, ligado ao chavismo, anunciar a vitória do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos, centenas de pessoas protestam nesta segunda-feira contra o resultado — contestado pela oposição e por grande parte da comunidade internacional — em favelas e bairros pobres de Caracas.
"E vai cair, e vai cair, este governo vai cair! — gritavam os manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. — Que ele entregue o poder agora! ", exclamaram outros.
Os slogans foram trocados pelo “Liberdade, liberdade!” que caracterizou a campanha da oposição, que negou a reeleição de Maduro e denunciou fraude.
Em Catia, outro setor popular do outro lado da cidade, houve outra manifestação vigiada de perto pela polícia e pela tropa de choque da Guarda Nacional.
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Os protestos começaram pela manhã e se tornaram cada vez mais fortes ao longo do dia.
Os manifestantes — em sua maioria jovens — também queimaram pôsteres com o rosto de Maduro que promoviam sua candidatura. Eles carregam bandeiras, panelas e timbales para acompanhar os gritos de protesto.
"Fechamos nossos negócios e começamos a protestar, nos sentimos decepcionados, isso não reflete a realidade, votamos contra Nicolás ", disse Carolina Rojas, uma lojista de 21 anos, com raiva.
"Saímos porque houve fraude ", disse outro manifestante que se identificou apenas como David, 40 anos. — Eles estão chamando o exército, mas temos que protestar.
Vários países, incluindo os Estados Unidos, o Brasil e a Colômbia, também questionaram a eleição.
Ao mesmo tempo, Maduro foi oficialmente proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral, pró-governo. De acordo com o primeiro boletim, Maduro venceu com 51% dos votos contra Edmundo González, candidato da principal coalizão de oposição na Venezuela, com 44%.
"Ninguém deve tentar bagunçar o país (...) paz para a Venezuela ", disse Maduro, no poder desde 2013, que alertou para um ‘banho de sangue’ se a oposição vencer.