Putin está "aberto" a negociar acordo de valores; porto ucraniano sofre novo ataque
Porto fluvial de Izmail tornou-se a principal rota das exportações ucranianas depois que a Rússia se retirou do acordo do Mar Negro
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu um anúncio “muito importante” nesta segunda-feira (4) sobre a exportação de grãos através do Mar Negro, ao chegar ao balneário russo de Sochi, antes de se reunir com seu homólogo russo, Vladimir Putin, que se disse "aberto a discussão".
Na linha da frente, as autoridades ucranianas relataram novos bombardeios de tráfego contra infraestruturas agrícolas e industriais em Izmail, no sudoeste, onde fica um porto fluvial do Danúbio, fundamental para as exportações ucranianas.
O presidente turco prometeu um anúncio "muito importante" sobre o acordo para a exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro, mediado pela Turquia e pela ONU, que Moscou abandonou em julho e que Ancara tenta retomar.
“Acredito que a mensagem que transmitiremos na coletiva de imprensa após o nosso encontro será muito importante para o mundo, particularmente para os países africanos em desenvolvimento”, disse o presidente turco.
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Putin disse estar "aberto a discussão" sobre o pacto, vital para o abastecimento mundial de alimentos. Os dois líderes conseguiram negociar a retomada do acordo antes da colheita do outono.
O acordo contava com um convênio paralelo para que a Rússia pudesse vender seus produtos, cujos envios estão prejudicados pelas avaliações ocidentais contra Moscou. O Kremlin aguarda propostas concretas para voltar a aderir ao pacto.
Erdogan é um dos primeiros líderes da Otan que mantém boas relações com Putin e espera que esta reunião seja também uma plataforma para uma negociação mais ampla para a paz entre Kiev e Moscou.
Tensões no Mar Negro
Este encontro ocorre depois que a Ucrânia afirmou durante a noite que derrubou 23 drones lançados pela Rússia no sul e sudeste.
Oleg Kiper, governador da região de Odessa, no sul, informou que “várias cidades do distrito de Izmail registraram danos em armazéns e edifícios de fábricas, máquinas agrícolas e empresas”, sem deixar vítimas.
O porto fluvial de Izmail tornou-se a principal rota das exportações ucranianas depois que a Rússia se retirou do acordo do Mar Negro.
Os militares ucranianos afirmaram que a Rússia usou drones Shahed, de fabricação iraniana, no ataque noturno, o que descreveram como “massivo” e afirmaram que “foi dirigido contra a infraestrutura civil na região do Danúbio”.
Horas depois, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano informou que durante o ataque drones russos caiu em território romeno, mas Bucareste negou "categoricamente" esta afirmação.
O Exército Russo afirmou no domingo que lançou um ataque com drones contra o porto ucraniano de Reni, também no Danúbio.
Nesta segunda-feira, a Rússia disse que destruiu quatro lanchas rápidas ucranianas que transportavam soldados no Mar Negro, depois que as forças russas reivindicaram, em 30 de agosto, a destruição das embarcações das forças especiais de Kiev.
"A aviação naval da frota do Mar Negro destruiu quatro lanchas rápidas 'Willard Sea Force' de fabricação americana com soldados das Forças Armadas da Ucrânia", disse o Ministério da Defesa Russo no Telegram.
As autoridades russas alegaram que as embarcações viajavam em direção a Tarjankut, no oeste da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Moscou também denunciou na segunda-feira que repeliu estes ataques de drones ucranianos, um perto da península da Crimeia e outro em Kursk, uma região do sul da Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia.
No avanço da contraofensiva ucraniana, Kiev afirmou nesta segunda-feira que as suas tropas fizeram progressos limitados na frente sul, onde concentraram a sua operação para repelir as forças russas, e que também recuperaram território perto de Bakhmut, uma cidade no leste, devastada pelos combates e que a Rússia conseguiu tomar em maio, após combates ferozes.
Na capital ucraniana, as autoridades anunciaram que receberam um novo alerta de bomba contra todas as escolas de Kiev, três dias depois de uma primeira ameaça, que se revelou falsa, em 1º de setembro, data de início do ano letivo.
O ministro da Defesa Ucraniana – demitido no domingo pelo presidente Volodimir Zelensky, que apelou a “uma nova abordagem” face à contraofensiva para repelir a invasão russa – disse nesta segunda-feira que entregou a sua carta de renúncia ao Parlamento.
O anúncio da mudança do ministro ocorre após diversos escândalos de corrupção que afetaram a massa da Defesa em pleno conflito.

