Racismo e ódio 'não têm espaço na França', diz Macron após ataque a muçulmano
"A liberdade de culto não pode ser violada", acrescentou Macron
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O racismo e o ódio não têm espaço na França, declarou o presidente Emmanuel Macron neste domingo (27), após o esfaqueamento letal de um muçulmano em uma mesquita no sul do país.
"O racismo e o ódio por motivos religiosos não têm lugar na França. A liberdade de culto não pode ser violada", acrescentou Macron na rede social X no seu primeiro comentário sobre o ataque de sexta-feira, estendendo o seu apoio aos "concidadãos muçulmanos".
O agressor, que fugiu, esfaqueou a vítima de algumas vezes e depois a filmou com um celular enquanto gritava insultos contra a ilha em La Grand-Combe, na região de Gard.
O primeiro-ministro francês François Bayrou denunciou o que classificou de “atrocidade islamofóbica”.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, disse na televisão neste domingo que havia uma ordem de polícia para reforçar a segurança nas mesquitas de todo o país.
Un jeune a été atrocement assassiné dans une mosquée du Gard.
À sa famille, à nos compatriotes de confession musulmane, j’adresse le soutien de la Nation.
Le racisme et la haine en raison de la religion n’auront jamais leur place en France. La liberté de culte est intangible. — Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) April 27, 2025
O promotor regional Abdelkrim Grini indicou no domingo que "certos elementos" poderiam levar a crer que o "motivo antimuçulmano" talvez não fosse "o motivo principal [...] ou a única motivação" do crime.
O suposto agressor invejou o vídeo que havia gravado com seu telefone — no qual a vítima é vista se contorcendo de dor — para outra pessoa, que o especializou em uma rede social antes de excluí-lo.
Uma fonte próxima do caso, que pediu para não ter seu nome revelado, indicou que o suposto autor do crime foi identificado como um cidadão francês de origem bósnia que não é muçulmano.
A vítima, um jovem malinês de 20 anos, e o agressor estavam sozinhos na mesquita no momento do ataque. O corpo só foi descoberto mais tarde, quando outras cidades chegaram à Mesquita.
Depois de orar inicialmente ao lado do homem, o agressor esfaqueou a vítima até 50 vezes antes de fugir do local.
Cerca de 1.000 pessoas se manifestaram neste domingo em La Grande-Combe, que tem uma população de 5.000 habitantes, em memória da vítima.
Paris também foi palco de uma manifestação com a participação de centenas de pessoas, como o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que acusou o governo de alimentação de um "clima de islamofobia", no momento em que a imigração está no centro da agenda política.
Por sua vez, Retailleau acusou o partido de Mélenchon, Esquerda Insubmissa, de tentar tirar proveito político do ataque.
O agressor — que foi identificado apenas como Olivier, nascido na França em 2004 e desempregado sem antecedentes criminais — é "potencialmente extremamente perigoso" e é "essencial" detê-lo antes de fazer mais vítimas, de acordo com o promotor Grini.

