Secretário de Energia dos EUA diz que "era Trump" deixará petróleo mais barato
Em viagem à Riad, Chris Wright também fez acenos para a Arábia Saudita; preços do petróleo têm caído nas últimas semanas
Em visita à Arábia Saudita, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, afirmou que os preços globais de energia devem cair durante o governo de Donald Trump e permanecer em níveis mais baixos do que nos anos da gestão de Joe Biden.
— Com a liderança do presidente Trump nos próximos quatro anos, quase certamente veremos preços médios de energia mais baixos do que vimos nos últimos quatro anos do governo anterior — disse Wright em uma coletiva com jornalistas em Riad, capital saudita. Ele evitou comentar sobre metas específicas de preços.
Durante o governo Biden, os EUA frequentemente entraram em conflito com a Arábia Saudita sobre política energética, já que os americanos sentiram que seus apelos para aumentar a produção e reduzir os preços — a fim de lidar com a inflação — foram ignorados.
O preço médio do barril de petróleo entre 2017 e 2021 foi de cerca de US$ 83, segundo dados compilados pela Bloomberg.
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— Não posso comentar sobre onde estão os preços do petróleo hoje ou para onde vão, mas se você reduzir barreiras ao investimento e à construção de infraestrutura, pode reduzir os custos de fornecimento de energia — disse Wright.
Menor cotação desde a pandemia
Os preços do petróleo têm caído desde que a Arábia Saudita e outros países produtores prometeram aumentar a produção. O abalo dos mercados financeiros com as tarifas de Donald Trump também contribuíram para a baixa dos preços.
O barril caiu para menos de US$ 65, o menor nível desde a pandemia de coronavírus e muito abaixo do ponto de equilíbrio fiscal saudita. Um relatório do Goldman Sachs apontou que a queda pode ameaçar a capacidade do reino de continuar financiando seus ambiciosos planos de transformação econômica. Ainda assim, os EUA e a Arábia Saudita compartilham a mesma visão sobre os mercados de energia, disse Wright.
— O presidente Trump, e acredito que o Reino também querem ver um aumento da demanda global por energia, assim como um aumento na oferta.
Segundo Wright, os EUA e a Arábia Saudita também estão trabalhando em um acordo preliminar para cooperação na produção de energia nuclear civil, com expectativa de avanço ainda neste ano. Os dois países estariam em um "caminho" rumo a um acordo que incluiria cláusulas sobre não proliferação e controle de tecnologias nucleares.
Sem parceria com a China na área nuclear
Wright afirmou que o reino precisaria assinar um acordo que trata de temas como proliferação nuclear e transferência de tecnologia. Os EUA também consideram “crítico” que a Arábia Saudita não busque parceria com a China para o desenvolvimento de seu programa nuclear.
— Essa visão é compartilhada entre as duas nações, e o fato de isso ter sido colocado em dúvida provavelmente reflete as relações pouco produtivas entre os EUA e a Arábia Saudita nos últimos anos — disse ele.
A Arábia Saudita já havia buscado propostas de empresas estrangeiras, incluindo russas, chinesas, francesas e sul-coreanas, para a construção de reatores nucleares.
Durante o governo Biden, a cooperação dos EUA no programa nuclear saudita chegou a ser cogitada como parte de um acordo mais amplo, que incluiria um pacto de defesa e o aprofundamento das relações comerciais entre os dois países.
O acordo previa ainda que a Arábia Saudita normalizasse suas relações com Israel. No entanto, as negociações foram interrompidas após os ataques de 7 de outubro a Israel pelo Hamas e a resposta militar israelense.
Wright estava em Riad como parte de uma viagem por vários países do Oriente Médio, que incluiu reuniões com o ministro da Energia saudita, príncipe Abdulaziz Bin Salman.

