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Selfies no espaço: astronauta revela bastidores e desafios de fotos feitas em caminhadas espaciais

Astronautas costumam usar câmeras para registrar áreas da Estação Espacial Internacional que não são acessíveis

A astronauta Anne McClain A astronauta Anne McClain  - Foto: reprodução

No ambiente hostil e silencioso do espaço, cada segundo de uma caminhada extraveicular (EVA, na sigla em inglês) é valioso. Realizar tarefas críticas, como instalar equipamentos ou inspecionar danos, exige atenção máxima e coordenação precisa. Mas, entre um procedimento e outro, quando o controle da missão concede uma pausa, há um raro momento de descontração: a chance de tirar uma selfie.

A astronauta Anne McClain compartilhou recentemente nas redes sociais uma perspectiva interessante sobre os bastidores dessas fotos espaciais, revelando os desafios e as histórias por trás dos cliques feitos a centenas de quilômetros da Terra. “O tempo durante uma EVA é precioso e exige concentração total, então às vezes simplesmente não há oportunidade para tirar muitas fotos”, escreveu McClain.

Durante uma caminhada extraveicular, os astronautas normalmente carregam câmeras presas aos seus trajes. O equipamento serve para registrar áreas da Estação Espacial Internacional que não são acessíveis pelas câmeras fixas, documentar a instalação de novos componentes ou capturar evidências de possíveis danos na estrutura, como impactos de micrometeoritos.

Mas, entre uma tarefa e outra, surge a oportunidade de eternizar a experiência com toques pessoais. “Tentamos encontrar um momento aqui e ali para algumas fotos divertidas — caminhar no espaço é raro, e queremos registrar isso”, contou McClain.

Essas pausas acontecem quando o controle da missão faz uma revisão de planos ou repassa novas instruções. É nesse intervalo que os astronautas podem, por alguns minutos, virar a câmera para si mesmos.

O desafio técnico das selfies espaciais
Segundo McClain, tirar uma selfie no espaço está longe de ser uma tarefa simples. As câmeras usadas são modelos comerciais, mas envoltas em mantas térmicas para suportar as extremas variações de temperatura. A astronauta revelou que operá-las com luvas pressurizadas é um exercício de adivinhação, já que é difícil até saber se o botão foi pressionado corretamente.

Segurar a câmera com uma mão é quase impossível. “É como segurar uma bola de basquete com uma luva de esqui”, comparou. Usar as duas mãos é o ideal, mas isso limita ainda mais a distância entre a lente e o rosto.

Além disso, vestindo um traje espacial, até mesmo a extensão dos braços é limitada. Um astronauta que teria uma envergadura de cerca de 1,80 m normalmente, perde quase metade desse alcance ao usar o traje espacial.

Resultado: a câmera fica bem próxima do rosto e o enquadramento é um jogo de sorte. “A técnica é sair clicando e torcer pelo melhor.”

Fotos que viraram história
A primeira selfie: Foi durante sua primeira caminhada espacial que ela tentou algo ousado — soltar as mãos da estrutura da estação, segura apenas por uma alça curta, e tirar a foto com as duas mãos. “Acho que tirei umas 25 fotos, e 3 ou 4 ficaram boas”, lembra. O momento ocorreu enquanto ela esperava sua companheira retornar à escotilha.

Clique da astronauta Anne McClain  Foto: ReproduçãoClique da astronauta Anne McClain — Foto: reprodução

Reflexo inesperado: Em outra missão, Anne esqueceu de levantar o visor solar, mas o deslize rendeu uma imagem especial, com reflexos intrigantes e uma bela visão do planeta ao fundo. A astronauta estava sobrevoando o Arizona, com a península da Baja Califórnia visível atrás de seu ombro.

Selfie dupla no espaçoSelfie dupla no espaço - Foto: reprodução

Rara selfie dupla: Ainda na mesma missão, ela e a astronauta Nichole Ayers receberam uma pausa simultânea, algo incomum para esse tipo de atividade. “É raro estarmos no mesmo lugar e com tempo livre. Então, tentamos um clique épico”, conta. Depois de várias tentativas frustradas com luzes, dedos e tiras de bolsa aparecendo na frente da lente, veio a recompensa: uma selfie dupla em pleno espaço. “Nichole teve que me segurar, porque eu usava as duas mãos na câmera — e com apenas uma corda, eu era basicamente um balão amarrado.”

'Soquinho' espacial - Foto: reprodução'Soquinho' espacial - Foto: reprodução

“Soquinho” espacial: Em uma tentativa de registrar um cumprimento com os punhos no espaço, Anne precisou operar a câmera com uma só mão. A dificuldade de manter a posição sem apoio resultou em dezenas de tentativas falhas. “Flutuava toda vez que batíamos os punhos. Nossa técnica era bater, aí a Nichole me puxava de volta, e tentávamos de novo. Foi um momento que vou guardar para sempre.”

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