''Tarifas de Trump superam todas as expectativas'', diz Larry Fink, CEO da BlackRock
Gigante dos investimentos demonstrou surpresa com tarifaço imposto pelos EUA
Em uma videoconferência com analistas nesta sexta-feira, após a BlackRock divulgar os resultados financeiros do primeiro trimestre, o CEO da empresa, Larry Fink, de 72 anos, disse que ficou surpreso com a abrangência das tarifas impostas pelo governo dos EUA.
Na semana passada, o presidente Donald Trump escalou uma guerra comercial ao taxar até mesmo parceiros dos americanos.
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— As amplas tarifas anunciadas pelos EUA foram além de tudo que eu poderia ter imaginado em meus 49 anos no setor financeiro — afirmou Fink, de 72 anos.
Trump impôs as tarifas mais altas em um século, no último dia 2, o que provocou uma onda de vendas nos mercados em todo o mundo. Como efeito, o índice S&P 500 teve sua queda mais acentuada em dois dias desde o início da pandemia em março de 2020.
— Não se trata de Wall Street contra Main Street — declarou Fink. — A crise do mercado afeta as economias para a aposentadoria de milhões de pessoas comuns.
Depois, ele disse em uma entrevista à CNBC que os "EUA estão ou muito perto, ou já em uma recessão". E também estar chocado com a reação das Treasuries de 10 anos com o tarifaço.
Recuo de Trump
O republicano recuou parcialmente na quarta-feira, propondo uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, enquanto manteve tarifas de 10% sobre a maioria dos países.
Entretanto, Trump não recuou em relação à China, com tarifas de 145% sobre as importações do país.
No curto prazo, as pressões inflacionárias e a ansiedade dominam as discussões com os clientes, de acordo com Fink.
Os investidores colocaram uma máxima histórica, cerca de US$ 950 bilhões (o equivalente a R$ 5,38 trilhões), em contas à vista na BlackRock até abril, dinheiro que poderia com o tempo ser investido em ações, títulos e mercados privados, afirmou ele.
— Sim, no curto prazo, temos uma economia em risco — atestou Fink, com uma ponderação: — A inteligência artificial e a crescente demanda por infraestrutura apresentam oportunidades transformadoras de investimento.
Fink também sugeriu a perspectiva de que os investidores vão alocar mais dinheiro para a Europa no futuro.

