Sáb, 06 de Dezembro

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EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Temperatura mundial permanece em níveis historicamente elevados em março

O registro confirma uma sequência mensal de calor recorde iniciada em julho de 2023

Fumaça de um incêndio florestal em Uiseong, Coreia do SulFumaça de um incêndio florestal em Uiseong, Coreia do Sul - Foto: YASUYOSHI CHIBA / AFP

As temperaturas permaneceram em níveis historicamente elevados em março, o que prolonga uma onda planetária de calor de quase dois anos, informou nesta terça-feira (8) o programa europeu de observação climática Copernicus.

Com a média de 14,06°C, março de 2025 foi apenas 0,08°C mais frio que o recorde registrado em março de 2024 e levemente mais quente do que o mesmo mês de 2016, segundo o Copernicus.

Os dois episódios anteriores ocorreram durante um momento intenso do fenômeno El Niño, enquanto 2025 registra o fenômeno La Niña, a fase oposta do ciclo, sinônimo de uma influência de resfriamento.

Na Europa, foi o mês de março mais quente já registrado, segundo o boletim mensal do observatório climático.

No conjunto do planeta, este foi o segundo março mais quente nos registros do Copernicus, o que confirma uma sequência mensal de calor recorde ou quase recorde iniciada em julho de 2023.
 

Desde então, cada mês foi pelo menos 1,5ºC mais quente do que a média antes da revolução industrial, quando a humanidade começou a queimar carvão, petróleo e gás em larga escala.

A temperatura de março ficou 1,6ºC acima da era pré-industrial, prolongando um clima tão extremo que os cientistas ainda tentam encontrar uma explicação.

"Que ainda estejamos 1,6ºC acima da era pré-industrial é realmente notável", afirmou Friederike Otto, especialista do Instituto Grantham de Mudança Climática do Imperial College de Londres.

"Estamos firmemente nas mãos da mudança climática provocada pelos humanos", declarou à AFP.

"Continuamos com temperaturas extremamente altas", afirmou Robert Vautard, copresidente do grupo de trabalho sobre climatologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

"É uma situação excepcional", afirma à AFP, "porque normalmente as temperaturas diminuem claramente após dois anos de El Niño", o fenômeno natural que eleva temporariamente as temperaturas mundiais e cujo último episódio remonta a 2023-2024.

"Devemos, no entanto, evitar reagir de forma exagerada a flutuações ou ausências de flutuações, e aguardar explicações sobre os fenômenos que podem ter se sobreposto ao aquecimento provocado pela humanidade", alerta Robert Vautard, pois as temperaturas estão "sujeitas a importantes variações naturais interanuais ou decenais".

Bilhões de medições
Os cientistas alertam que cada fração de grau de aquecimento global aumenta a intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes e secas.

O calor mundial fez de 2023 e 2024 os anos mais quentes já registrados.

O programa Copernicus da UE utiliza bilhões de medições de satélites, navios, aviões e estações climáticas para fazer seus cálculos.

Os registros datam de 1940, mas outras fontes de informação climática permitem aos cientistas ampliar suas conclusões com o uso de evidências muito anteriores.

Segundo o IPCC, o mundo está a caminho de superar de forma duradoura o limite de 1,5°C no início da década de 2030. Ou até mesmo antes do fim da década, segundo estudos recentes.

Os cientistas afirmam que o período atual pode ser o mais quente na Terra nos últimos 125.000 anos.

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