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RIO DE JANEIRO

Traficante que mandou matar jovem após baile funk e que foi alvo de operação continua foragido

A ação das polícias Civil e Militar, realizada para capturar dois chefes do TCP na Vila Aliança terminou com seis suspeitos mortos, reféns libertados e dois homens presos

'Coronel', integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), apontado pela Polícia Civil como mandante do assassinato da jovem que se recusos a sair com traficante 'Coronel', integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), apontado pela Polícia Civil como mandante do assassinato da jovem que se recusos a sair com traficante  - Foto: Reprodução

A operação das polícias civil e militar de ontem, na Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio, que resultou na morte de seis suspeitos, não conseguiu prender os dois alvos da ação. Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, apontado pela Polícia Civil como mandante do assassinato de Sther Barroso dos Santos, e o José Rodrigo Gonçalves Silva, conhecido como Sabão da Vila Aliança, seguem foragidos.

Na ação, agentes mataram seis suspeitos que mantinham um pastor e uma criança como reféns dentro de um imóvel na comunidade. As vítimas foram libertadas em segurança.

Policiais do 14° BPM também chegaram a prender dois homens que sequestraram um ônibus e estavam atravessando o veículo na Avenida Santa Cruz. Eles portavam uma pistola e material entorpecente, segundo a Polícia Militar.

Segundo as forças de segurança, a ação foi planejada com base em informações de inteligência para localizar os dois integrantes do TCP escondidos na Vila Aliança. Participaram da operação a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (Ssinte), a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar (SSI), a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

 

Quem são Coronel e Sabão da Vila Aliança
Segundo a polícia, Bruno da Silva Loureiro acumula uma extensa ficha criminal por crimes como tráfico de drogas, roubo, homicídio, porte ilegal de armas de uso restrito, receptação, roubo de veículos e lesão corporal. Investigadores afirmam que, foragido, ele se escondia no Complexo da Maré, mas voltou a circular em áreas dominadas pelo Terceiro Comando Puro, como Vila Aliança e Coreia, onde costumava frequentar bailes. Apontado como figura violenta e de forte influência na facção, Coronel é descrito como alguém que usa a força para impor medo à comunidade.

O primeiro mandado de prisão preventiva contra Coronel foi expedido em 2019. Na ocasião, o Ministério Público denunciou ele e outros dois homens — Samuel de Oliveira Gomes e Tauan Luiz dos Santos Ramos — apontados como integrantes do TCP, que domina a comunidade do Muquiço, em Honório Gurgel, Zona Norte do Rio.

Eles foram acusados de homicídio duplamente qualificado, associação para o tráfico de drogas e corrupção de menores. O último mandado de prisão preventiva contra Bruno foi em junho de 2024, também por homicídio e organização criminosa. O MP-RJ denunciou Coronel e Luciano Matheus Silva Batista, o Esquerdinha, pela participação em uma chacina ocorrida em março de 2021, no Parque de Madureira, Zona Norte.

De acordo com a denúncia, os dois, junto de um terceiro homem ainda não identificado, efetuaram disparos de arma de fogo contra cinco pessoas durante uma partida de futebol. As investigações apontam que os disparos mataram Juan José Telles de Souza, o Aleijado, Roni Carvalho Otoni, o Rozy, e Ygor Ney de Oliveira, o Nenzoca. Outras duas pessoas — Yago Santos Silva e Emerson Lima de Souza — sobreviveram após atendimento médico. O ataque teria sido motivado por disputa com o Comando Vermelho (CV).

José Rodrigo Gonçalves Silva, conhecido como Sabão da Vila Aliança, é um dos chefes do tráfico do Terceiro Comando Puro (TCP), nas áreas da Vila Aliança e Coreia. Entre 2021 e 2023, Sabão tem dois mandados de prisão contra ele no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões.

Relembre o caso Sther
Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, foi espancada até a morte após se recusar a ficar com um traficante durante um baile funk, na comunidade da Coreia, na Zona Oeste do Rio. O caso aconteceu no mês passado. Segundo a família, Sther foi torturada e deixada morta na porta da casa em que morava, na Vila Aliança, por dois homens a mando de Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, apontado como chefe da comunidade. O crime teria sido motivado pela recusa de Sther em deixar o baile com o criminoso. Parentes relatam ainda que a jovem estava realizando sonhos pessoais, como tirar carteira de habilitação e se mudar para um novo apartamento.

Entenda a operação
A ofensiva policial na Vila Aliança transformou a manhã de ontem em cenas de terror para os moradores da região. O intenso tiroteio, que contou com o sobrevoo de helicópteros e a presença de equipes do Bope e da Core, deixou famílias encurraladas em casa e escolas em desespero.

Em uma creche municipal da região, crianças foram registradas deitadas no chão ou encostadas nas paredes para se proteger dos disparos. Relatos em redes sociais também mostraram a dificuldade de pais para buscar os filhos, já que a Secretaria Municipal de Educação informou que a operação começou após o horário de entrada, impossibilitando a saída dos alunos.

Além das trocas de tiros, criminosos montaram barricadas e usaram ao menos seis ônibus para bloquear vias na região, obrigando o desvio de linhas e afetando a rotina de rodoviários e passageiros. A circulação de trens também foi parcialmente suspensa pela Supervia, interrompendo o trecho entre Senador Camará e Augusto Vasconcelos. Ruas importantes da comunidade ficaram interditadas, e o Centro de Operações da Prefeitura recomendou que motoristas evitassem os acessos à Rua Coronel Tamarindo e à Rua Doutor Augusto Figueiredo.

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