Sex, 05 de Dezembro

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Estados Unidos

Trump diz que suspenderá 'permanentemente' migração do 'terceiro mundo'

O anúncio, feito em uma publicação furiosa na quinta-feira (27), marca uma nova escalada nas políticas antimigratórias de seu segundo mandato, caracterizado por deportações em massa

O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama, Melania TrumpO presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama, Melania Trump - Foto: Jim Watson / AFP

O presidente americano, Donald Trump, prometeu suspender a migração para os Estados Unidos de pessoas procedentes de "países do terceiro mundo", depois que um cidadão afegão foi acusado de abrir fogo contra dois integrantes da Guarda Nacional em Washington, dos quais uma morreu.

O anúncio, feito em uma publicação furiosa na quinta-feira (27), marca uma nova escalada nas políticas antimigratórias de seu segundo mandato, caracterizado por deportações em massa.

"Vou suspender permanentemente a migração de todos os países do terceiro mundo para permitir que o sistema dos Estados Unidos se recupere totalmente", escreveu Trump nas redes sociais.

Ele também ameaçou revogar "milhões" de vistos concedidos durante o governo de seu antecessor, Joe Biden.

Pouco antes, Trump havia confirmado a morte de Sarah Beckstrom, de 20 anos, que integrava a Guarda Nacional e que foi alvo de um ataque com arma de fogo perto da Casa Branca na quarta-feira.

O FBI, a polícia federal americana, abriu uma investigação por terrorismo internacional. O suposto autor do ataque é um afegão de 29 anos que trabalhou com as forças americanas em seu país durante a guerra e se radicou nos Estados Unidos em 2021, quando Washington retirou suas tropas do Afeganistão.

Ainda são desconhecidas as motivações do ataque, descrito pelas autoridades como uma "emboscada".

A Guarda Nacional foi mobilizada este ano por Trump em Washington e outras cidades governadas pela oposição democrata para combater o que ele considera uma criminalidade desenfreada.

Trump vinculou o ataque a tiros à sua decisão de mobilizar centenas de soldados da Guarda Nacional na capital americana. "Talvez este homem estivesse irritado porque não podia cometer crimes", sugeriu.

"Civilização ocidental"
Em suas redes sociais, Trump acrescentou que acabará com todos os benefícios e subsídios federais para quem não é cidadão americano. Também indicou que deportará qualquer estrangeiro que represente um risco para a segurança ou que "não seja compatível com a civilização ocidental".

O objetivo é "alcançar uma redução significativa nas populações ilegais e disruptivas", acrescentou o presidente.

"Apenas a MIGRAÇÃO REVERSA pode resolver completamente esta situação", completou.

Joseph Edlow, diretor dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS), anunciou, na quinta-feira, que revisará a situação migratória de todos os residentes permanentes procedentes de 19 países.

Afeganistão, Cuba, Haiti, Venezuela, Irã e Mianmar estão entre os países afetados.

Mais de 1,6 milhão de estrangeiros com residência permanente (cerca de 12% do total dos titulares do chamado "green card") é originário de países desta lista, segundo dados de imigração mais recentes disponíveis, analisados pela AFP.

Cuba representa a maior parte, com cerca de 560.000 titulares de cartões de residência, seguida do Haiti (235.000) e da Venezuela (153.000).

O Afeganistão, que tem mais de 116.000 titulares de "green cards", também é afetado por uma suspensão das solicitações de imigração ordenada pelo governo americano após o ataque a tiros.

Ataque "direcionado"
A procuradora da capital americana, Jeanine Pirro, informou que o suposto atirador, Rahmanullah Lakanwal, morava no estado de Washington, no outro extremo do país, e que chegou de carro ao local do ataque.

Foi um ataque "descarado e direcionado", cometido com um revólver Smith and Wesson .357, segundo a procuradora.

O outro ferido, Andrew Wolfe, de 24 anos, "luta pela vida", informou Trump na quinta-feira. O afegão também ficou ferido e se encontra em estado crítico.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, disse que o suspeito integrou um comando apoiado por Washington que lutou contra os talibãs no Afeganistão e que chegou aos Estados Unidos graças a um programa de retirada de afegãos que colaboraram com a agência de inteligência.

Veículos de imprensa americanos noticiaram, nesta sexta-feira (28), que o homem fez parte das "Unidades Zero" dos serviços afegãos.

Estas unidades operavam fora da cadeia de comando habitual e "em grande medida eram recrutadas, treinadas, equipadas e supervisionadas pela CIA", segundo a organização Human Rights Watch. Um diplomata as apelidou de "esquadrões da morte".

O jornal New York Times citou um amigo de infância do suspeito, que assegura que as missões nestas unidades o tinham afetado muito psicologicamente.

Os chefes atuais do FBI, da CIA e do Departamento de Segurança Interna insistiram que Lakanwal chegou aos Estados Unidos sem supervisão devido a políticas de asilo pouco rigorosas do governo Biden.

Mas a ONG 'AfghanEvac', que ajudou a realocar afegãos nos Estados Unidos, afirmou que as pessoas que receberam asilo passaram por "alguns dos processos de verificação de segurança mais rigorosos" de todo o mundo.

Lakanwal solicitou asilo nos Estados Unidos durante o mandato de Biden, mas seu pedido foi aprovado com Trump na Casa Branca, segundo esta ONG.

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