Tubarões-tigre “morando” em Fernando de Noronha
Dos 50 animais capturados até o momento, 30 pertencem à espécie; os dois últimos foram pegos durante expedição feita ontem, sendo um deles fêmea e com 2,98 cm de comprimento.
Um levantamento feito por pesquisadores no arquipélago de Fernando de Noronha apontou uma maior permanência de tubarões-tigre nas águas do lugar, ou seja, a ilha não é apenas utilizada como rota migratória como pensavam quando um turista foi atacado, pela primeira vez, pela espécie. Embora não tenha fechado o ciclo de um ano de pesquisa que vai até fevereiro próximo, os números não negam: se nos anos 90 cerca de 20% dos tubarões capturados eram da espécie tigre entre junho e dezembro, esse número saltou para 57% em relação ao mesmo período, segundo os estudiosos.
Dos 50 animais capturados até o momento, 30 pertencem à espécie. Os dois últimos foram pegos durante expedição feita ontem, sendo um deles fêmea e com 2,98 cm de comprimento. A taxa de captura em relação à Capital pernambucana, inclusive, chega a ser 1,5 mil vezes superior. Para o biólogo marinho da UFRPE e um dos envolvidos na pesquisa, André Sucena Afonso, esse fato é inédito, uma vez que não há registros de uma permanência tão longa desses animais na ilha. “Acredito que a oferta abundante de tartarugas marinhas e cardumes na ilha têm favorecido o aparecimento de mais tubarões da espécie tigre. Quanto maior o banquete, mais tubarões. Mas, precisamos ver se há outros fatores que influenciam numa maior presença deles”, disse.
Segundo ele, a maioria dos animais capturados e demarcados não se afastaram da região desde junho. Eles chegam a atingir uma distância de 50km, mas retornam ao arquipélago. “Apenas alguns migraram para a África, mas a maioria tem permanecido (na ilha)”, acrescentou Afonso.
A experiência faz parte da tese de pós-doutorado do biólogo, cujo alvo principal é o tubarão-tigre, e está sendo feita em conjunto com o curador do Museu dos Tubarões de Noronha e engenheiro de pesca, Léo Veras. “A população de macho e fêmea está equilibrada, o que significa que estamos diante de um quadro saudável”, reforçou Veras.
A intenção da pesquisa, explica Afonso, é avaliar o comportamento, distribuição geográfica da espécie (se é regional ou oceânica), em quais pontos da ilha eles estão mais presentes e em quais horários os tubarões-tigre se aproximam da costa. Para isso, todos os 30 animais receberam transmissores que, por meio de uma antena, emitem sinais via satélite para os 16 receptores acústicos instalados no entorno do arquipélago.
Esses equipamentos, que têm tamanho semelhante ao de uma carteira de cigarro, são colocados na dorsal do tubarão.

