Seg, 29 de Dezembro

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OPINIÃO

Uma cigana me contou os amores de perdição do Brazil   

O meu Brazil é com Z porque eu nasci nos tempos do Império. Dizem que o S entre duas vogais tem o som de Z. Entonce, eu vou direto no Z, sem intermediário.  

MONTANHAS DA JAQUEIRA - O Brazil estava ao Deus-dará, nas voltas que o mundo dá. Subitamente, não mais que subitamente, uma cigana cruzou no seu caminho. Please, Dama de sete véus, leia minhas mãos para revelar os segredos do meu coração.  Oh, desvairado Brazil, a linha do coração indica que você cultiva amores de perdição! Adora paixões mal resolvidas.       

Cigana Mentirosa, marcha de Carnaval de Genival Macedo, anos 1950s: “Uma cigana apareceu no meu caminho/ e leu a minha mão/ a sorrir de mim, foi dizendo assim, tiveste uma grande paixão. Oh cigana mentirosa, outra igual não encontrei/ leva, leva meu dinheiro/ deixa de prosa eu jamais amei”. Eu direi: Oh mulher ingrata, meu coração por ti gela!

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Ao fazer uma ressonância magnética no coração do Brazil, a cigana me contou que o ventrículo esquerdo ama o bode rouco da seita vermelha, parceiro das ditaduras de Cuba e da Venezuela. O ventrículo direito ama o capitão de fandango da seita do gado, das rachadinhas, do orçamento secreto, do fundão partidário bilionário. “Gosto que me enrosco”, diz a mundiça. Zeus me livre de amar essas seitas deletérias.

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Os berrantes da seita do gado proclamam que no dia seguinte ocorreria o estouro da boiada do déficit público e haveria o triunfo da falsidade do Posto Ipiranga. Em festa com os vermelhos, seria comemorado o funeral da operação LavaJato. Continuaria a guerra mortífera e sem trégua entre as seitas rivais.

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O tempo não para! Santa ilusão. A linha do sol nas mãos auriverdes revela que o Brazil estacionou nas translações do passado, hipnotizado pela voz de um Sapo Sapiens. Quando ele fala, “ou seja”, “sabe”, “a gente somos modernos”, com aquela voz cavernosa, os sapos, os bodes, a rafaméia em geral se emociona diante de tanta sabedoria. O tangedor de gado leva a mundiça ao delírio ao pronunciar suas palavras mágicas: “Tá okay, porra”.            

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A palma da mão do Brazil apresenta, na linha do tempo, os financiamentos às ditaduras parceiras de Cuba, da Venezuela e de republiquetas africanas, as invasões do MST, os propinodutos do Petrolão, a herança nefasta da mulher que estocava ventos orgânicos, a recessão e 14 milhões de desempregados. Zeus nos livre de serem ressuscitados esses esqueletos vermelhos.

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O alkimista dizia que depois de quebrar o Brazil o barba de fogo quer voltar ao local do crime. Convertido ao pastoril do cordão encarnado, a palavra “crime” virou “milagre”. Eis uma questão de déficit de pudor, para se vingar de João Doria e passar bem.            

 


*Jornalista
[email protected]

                       


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