Unhadas pelo corpo, sangue na roupa e versão sobre pauladas; veja as pistas da polícia
Acrobata Florencia Aranguren, de 31 anos, levou 18 facadas quando caminhava na trilha da praia de José Gonçalves
A Polícia Civil do Rio não acredita na versão apresentada pelo lavrador Carlos José de França, de 31 anos, preso em flagrante pelo homicídio da acrobata argentina Florencia Aranguren, da mesma idade, em uma trilha da praia de José Gonçalves, em Búzios, na Região do Lagos. Em depoimento, ele negou o crime e alegou ter sido vítima de pauladas por outros dois homens, que teriam matado a estrangeira em seguida. O corpo de Florencia foi cremado no último sábado, no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte da cidade. As cinzas foram levadas para Buenos Aires no mesmo dia, à noite.
França foi localizado por policiais militares do 25º BPM (Cabo Frio) em um condomínio da região, horas após o homicídio. Levado para a 127ª DP (Búzios), o suspeito contou que estava na trilha próximo à acrobata quando apareceram os homens para roubá-los. Ele narrou ter apanhado deles com um pedaço de madeira nas costas, caído no chão e ficado tonto.
Aos investigadores, França disse ainda que, após atacá-los, os homens teriam ido em direção a Aranguren. Durante o exame de corpo de delito, no Instituto Médico-Legal (IML), não foi detectada no corpo lavrador qualquer lesão pela suposta agressão, mas sim marcas de unhadas que seriam da argentina ao tentar se defender.
Apesar de ter tentado lavar com água as roupas que França vestia, foi identificado, por meio da utilização do Luminol, sinais de rastro de sangue nas peças. As vestimentas foram encaminhadas para exame pericial a fim de comprovar tratar-se de material genético de Aranguren.
Leia também
• Lula anuncia investimento de R$ 1 bilhão em plano para população em situação de rua
• Palestinos entram em greve contra a ofensiva israelense em Gaza
• Sisu passará a ter apenas uma edição a partir de 2024
Como O GLOBO mostrou, França já tinha cinco anotações criminais ao ser preso. Em uma delas, ele foi condenado a 15 anos de prisão por um roubo e um estupro cometidos contra uma adolescente, em Pernambuco, em 2009.
Na ocasião, ele abordou com uma arma a menina e duas amigas quando voltavam da escola, no Matadouro Público da cidade de Quipapá. A vítima, de 15 anos, entregou o celular e disse não ter dinheiro. Insatisfeito, ele a levou para um local deserto, onde a estuprou.
Pelo histórico de crimes, policiais acreditam que França teria tentado roubar e estuprar Aranguren, mas ela teria reagido. De acordo com o exame de necropsia, foram diagnosticadas múltiplas feridas nos dedos indicador e anelar esquerdos, característica produzidas por situações de defesa, em que ela teria entrado em luta corporal com ele.
O laudo, ao qual O GLOBO teve acesso, mostra ainda que a argentina levou 18 facadas, a maioria das lesões no pescoço — inclusive os golpes que levou na artéria carótida e na veia jugular direitas foram os que provocaram a hemorragia externa que levou sua morte.
Os peritos também atestaram que corpo da jovem também apresentava escoriações em placa nos membros superiores, como no cotovelo esquerdo, e inferiores, como na dorsal do pé direito. Professor titular de Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o perito Nelson Massini explica que esses são sinais de que ela foi mobilizada ao local por arrastamento.

