Qui, 18 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
gripe k

Vacina para gripe K: a dose disponível para o vírus atual protege contra a nova infecção? Entenda

Evidências até o momento indicam que imunizante continua a oferecer alta proteção contra desfechos graves; nova cepa foi identificada no Brasil e tem antecipado a temporada de gripe na Europa

Vírus da gripe se caracteriza pela rápida capacidade de mutação e pela facilidade de transmissão, lembra especialista. Vírus da gripe se caracteriza pela rápida capacidade de mutação e pela facilidade de transmissão, lembra especialista.  - Foto: Dr_Microbe/Adobe Stock

Um novo subtipo do vírus influenza, que ficou conhecido como gripe K, tem chamado a atenção de autoridades de saúde e foi, recentemente, identificado no Brasil. No final de novembro, uma amostra analisada pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA) e pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou que um caso se tratava da nova linhagem.

A amostra foi coletada de uma paciente do sexo feminino, adulta e estrangeira, oriunda das ilhas Fiji. Por isso, o caso foi classificado como importado, sem evidências até o momento de transmissão local no país. Ainda assim, uma das principais dúvidas é se as vacinas atuais, disponíveis nos postos de saúde, também conferem proteção contra essa versão do influenza.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), embora os dados sobre o grau de eficácia da vacina especificamente contra a gripe K ainda sejam limitados, estimativas iniciais, com base nos casos do Reino Unido, apontam que a imunização continua a proteger contra doença grave, especialmente entre os indivíduos mais vulneráveis.

“Mesmo que existam algumas diferenças genéticas entre os vírus da influenza em circulação e as cepas incluídas nas vacinas, a dose sazonal contra a influenza ainda pode oferecer proteção (...). Ainda se espera que a vacinação proteja contra doença grave e ela continua sendo uma das medidas de saúde pública mais eficazes”, diz a OMS em alerta sobre a linhagem.

De acordo com a organização, a composição atual da vacina indicou ser de 70% a 75% eficaz em prevenir atendimento hospitalar entre crianças de 2 a 17 anos, e 30% a 40% entre adultos. Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, que identificou o caso de gripe K no Brasil, também afirma que o imunizante atual deve oferecer uma boa proteção:

“É fundamental se vacinar. O Ministério da Saúde realiza intensa campanha de vacinação todos os anos. E, mesmo para quem não se vacinou durante a última campanha, vale ir até o posto de saúde mais próximo e solicitar a imunização”, diz, em nota da instituição. Além disso, ela destaca que, para o próximo ano, a atualização da composição vacinal recomendada pela OMS inclui cepas mais próximas do subclado K.

O que é a gripe K?
O vírus influenza, que causa a gripe, é dividido em quatro tipos: A, B, C e D. Os tipos A e B são os que circulam e causam as epidemias sazonais da doença, geralmente ao longo do inverno. Ambos têm ainda subdivisões.

O tipo B, por exemplo, é separado em duas linhagens, a B/Yamagata e a B/Victoria. Já o influenza A tem uma série de subtipos classificados de acordo com as combinações das proteínas H e N, que ficam na superfície do vírus.

Segundo a OMS, no momento, os subtipos do influenza A em circulação no planeta são o H1N1 e o H3N2. No entanto, há também diferentes variantes desses vírus, chamadas de subclados, a depender da sua composição genética.

É aí que entra a “gripe K”, um subclado do vírus H3N2 chamado oficialmente de J.2.4.1. Essas variações são esperadas e fazem parte do processo evolutivo do influenza. Por isso, a necessidade de atualizar a composição das vacinas a cada ano.

Onde a gripe K está circulando?
De acordo com o alerta da OMS, baseado em dados do GISAID, plataforma em que pesquisadores de todo o mundo registram as identificações de diferentes vírus, “houve um aumento recente e rápido” da gripe K em diferentes partes do planeta.

“As detecções de vírus do subclado K estão aumentando em muitas partes do mundo, com exceção, até o momento, da América do Sul. Os vírus do subclado K foram particularmente evidentes a partir de agosto de 2025 na Austrália e na Nova Zelândia e agora foram detectados em mais de 34 países nos últimos 6 meses”, diz.

Em comunicado, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) afirma que, segundo os os dados mais recentes, o subtipo “cresceu rapidamente na Europa e em vários países da Ásia, onde representa uma proporção importante dos vírus de influenza A(H3N2) analisados”. “Na América do Norte, Estados Unidos e Canadá também registram um aumento progressivo de detecção do subclado K. Até o momento, não foi observada circulação semelhante na América do Sul”, continua.

A regional da OMS para a Europa disse que mais da metade do continente enfrenta uma temporada intensa e antecipada da gripe, que começou cerca de quatro semanas antes do esperado, impulsionada pela nova cepa, “colocando os sistemas de saúde sob pressão significativa em alguns países”. Pelo menos 27 dos 38 que reportam dados à Região Europeia da OMS registram atividade de gripe alta ou muito alta.

“A nova cepa — o subclado K do A(H3N2) — está impulsionando as infecções, embora não haja evidências de que cause doença mais grave. Essa nova variante da gripe sazonal agora responde por até 90% de todos os casos confirmados de influenza na Região Europeia. Isso mostra como até mesmo uma pequena variação genética no vírus da gripe pode exercer enorme pressão sobre nossos sistemas de saúde, porque as pessoas não têm imunidade prévia contra ela”, diz Hans Henri P. Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.

A gripe K é mais grave?
Até o momento, as informações disponíveis não indicam que a gripe K seja mais grave do que a doença comum. As autoridades sanitárias dos países em que o subtipo do vírus está em circulação “não relataram mudanças significativas na gravidade clínica” da doença, segundo a Opas.

Quais os sintomas da gripe K?
De acordo com as autoridades de saúde, também não foram identificados ainda sintomas diferentes que sejam associados especificamente à versão K do vírus da gripe. Por enquanto, os sintomas seguem os mesmos de uma infecção comum. Segundo o Ministério da Saúde, são eles:

Veja também

Newsletter