Vítima de atirador do Cefet apresentaria TCC de sua segunda graduação nesta terça-feira (2)
Pedagoga foi uma das vítimas de João Antônio Miranda Tello Gonçalves. Ele também atirou na psicóloga Layse Costa Pinheiro, a outra morta
Na maioria das fotografias postadas numa rede social, Allane de Souza Pedrotti Matos, morta na sexta-feira (28) aos 41 anos, aparece cantando ou tocando algum instrumento numa roda de samba. A música era uma de suas paixões. Ela se apresentava em locais como o Clube Renascença, no Andaraí, com ao menos três grupos de samba: Quilombo Urbano, Resenha dos Amigos do Rena e Mensageiros do Samba. Mas tinha também uma longa carreira acadêmica e sonhava ser professora universitária.
Formada em Pedagogia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tinha acabado de concluir uma segunda graduação em Letras, pela Universidade Veiga de Almeida.
A universidade particular onde fez a segunda graduação fica a poucos metros do Centro de Tecnologia Celso Suckow da Fonseca (Cefet), onde atuava na Diretoria de Ensino. Seu sonho era ser professora universitária, disse um amigo de longa data.
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) seria apresentado por ela nesta terça-feira (2). Ela também tinha doutorado na área de linguística, incluindo uma temporada de estudos na Dinamarca.
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A irmã dela, a pesquisadora e tradutora Alline de Souza Pedrotti, de 35 anos,, contou ter conversado com Allane um dia antes do crime e que ela estava estava muito feliz com a conclusão do curso.
"Nos falamos um dia antes de ela falecer e a última coisa que ela me disse é que me amava e tinha acabado de entregar o TCC", disse Alline, que não sabe qual foi o tema tratado no trabalho. "A orientadora ficou de me entregar. Tenho certeza de que é sobre alguma causa social. Gostaria até de defender por ela, mas isso não será possível".
A professora Allane de Souza Pedrotti Matos foi atingida na cabeça e no ombro. A psicóloga escolar Layse Costa Pinheiro foi ferida na cabeça e no tórax. As duas chegaram a ser levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram. Elas foram sepultadas no final de semana. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídio da Capital, como duplo feminicídio.
De acordo com relatos, o funcionário João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves chegou à escola pela manhã e cumprimentou todos normalmente. À tarde, ele entrou na direção e efetuou os disparos, acertando as duas mulheres, que trabalhavam na Diretoria de Ensino.
Em nota divulgada no mesmo, a instituição disse que "a Direção-Geral do Cefet/RJ lamenta profundamente essa tragédia que chocou a comunidade acadêmica e decreta luto oficial por cinco dias na instituição a partir de 01/12/2025".

