Agente da Abin que monitorou homônimo de Moraes, políticos e jornalistas não voltou ao Brasil
Em uma carta enviada ao atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, ele afirmou que não retornaria ao Brasil por "estar sendo perseguido"
Relator do caso da chamada "Abin paralela" no Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes foi um dos alvos monitorados pelos agentes da chamada "Abin Paralela", segundo a PF.
Os investigadores ainda descobriram que o servidor responsável pelo monitoramento de uma pessoa homônima ao ministro do Supremo foi enviada à França como auxiliar de adido de inteligência e não retornou ao Brasil, alegando "perseguição".
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Segundo a PF, ele encerrou a sua missão no exterior em abril de 2024, mas não embarcou de volta e acabou sendo demitido por "abandono de cargo" público. Em uma carta enviada ao atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, ele afirmou que não retornaria ao Brasil por "estar sendo perseguido" e explicou que "somente cumpria ordens em um setor responsável pela realização de pesquisas", conforme a PF.
De acordo com as investigações, o servidor da Abin foi o responsável por mais de 1.100 consultas feitas por meio do programa First Mile, que era utilizado para monitorar a localização de alvos pré-determinados sem a necessidade de mandado judicial. O uso supostamente irregular da ferramenta foi revelado pelo GLOBO em 2023 e baseou a abertura do inquérito da PF.
"Atuação [do agente em questão] envolveu o monitoramento de diversos perfis, incluindo figuras políticas, jornalistas, advogados e lideranças de movimentos sociais, além de empresas", escreveu a PF no relatório que veio a público nesta quarta-feira.
Os agentes queriam saber o contexto em que o nome de Moraes foi consultado no programa First Mile, mas não localizaram o servidor para prestar os esclarecimentos. O paradeiro dele segue desconhecido.

