Aliança informal entre Lula e Kalil em Minas tem o aval de Kassab
Na última semana, o petista se reuniu com o ex-secretário de Governo da capital mineira Adalclever Lopes
Um encontro recente entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um forte aliado do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), levantou a possibilidade de uma aliança entre os dois já no primeiro turno das eleições de 2022.
Na última semana, o petista se reuniu com o ex-secretário de Governo da capital mineira Adalclever Lopes, que migrou recentemente para o partido de Kalil e vai coordenar sua campanha a governador no ano que vem. Embora o PSD já tenha um pré-candidato ao Planalto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), o chefe da sigla, Gilberto Kassab, já liberou, nos bastidores, uma aliança informal entre o prefeito e Lula — apelidado de “Lulil”.
Kalil ainda não admitiu publicamente que vai concorrer ao governo, mas já confirmou a empreitada a aliados. A crise sanitária em função da pandemia torna, segundo ele, o momento impróprio para tratar abertamente do assunto.
O encontro entre Lula e Adalclever aconteceu em São Paulo na última sexta-feira, conforme noticiou a colunista do GLOBO Malu Gaspar. Kalil, porém, negou que a reunião tenha sido para discutir alianças e disse que os dois se encontraram como amigos, assim como já fizeram em outras ocasiões ao longo do ano.
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"Quem faz acordo em meu nome sou eu, não vou colocar emissários", disse o prefeito de Belo Horizonte ao GLOBO.
Kalil, no entanto, deixou clara a disposição de uma articulação em conjunto com o petista, a quem chamou de “líder respeitado no mundo”:
"Estou aberto a conversar com todos", afirmou Kalil, completando: "Se Rodrigo Pacheco for candidato (à Presidência), é natural que minha aliança seja com ele. Mas ele ainda não se posicionou sobre isso, então estou livre para conversar com todo mundo."
O prefeito disse ainda que entende que Lula ou o PT possa vir a procurá-lo para um possível apoio, visto que seu principal adversário ao governo de Minas, o atual chefe do Executivo mineiro, Romeu Zema (Novo), tem sua imagem já atrelada ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma aliança com Lula, mesmo que informal, é vista por aliados do prefeito como uma chance de impulsionar sua candidatura contra o governador, que hoje aparece à frente nas intenções de voto.
Segundo pesquisas locais, a popularidade do petista é maior do que a de Bolsonaro em Minas, e um eventual “Lulil” aumentaria o apoio dos eleitores a Kalil, que ainda não começou a viajar pelo estado — algo pelo qual ele já foi cobrado por Kassab e pelo próprio Lula.
Em uma entrevista coletiva em outubro, o ex-presidente disse que vê o chefe do Executivo da capital mineira como um bom candidato para disputar contra Zema, mas afirmou que ele precisa começar a se mexer desde já para a campanha.
"Kalil tem chance de competir, mas o Zema está forte nas pesquisas, e Kalil precisa de arrojo para acompanhar", disse o petista.
Já para Lula, uma aliança com Kalil lhe garantiria um palanque importante no segundo maior colégio eleitoral do país. Minas Gerais é considerado um estado-chave para a corrida presidencial e já teve papel decisivo em pleitos passados. Em 2014, por exemplo, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) venceu o tucano Aécio Neves no estado por 550 mil votos — uma diferença pequena, mas que contribuiu para sua reeleição.
O “Lulil” também não seria a primeira aliança para 2022 a ser debatida entre o PSD e o ex-mandatário. Há conversas entre membros do partido e aliados de Lula que negociam a possibilidade de Rodrigo Pacheco assumir a vaga de vice-presidente na chapa do petista. O senador é visto como um nome moderado, o que poderia atrair eleitores de centro.
Além disso, as negociações para tal composição ajudam a fazer frente à possível aliança entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB e é cortejado tanto pelo PSD quanto pelo PSB. O partido de Kassab já tem outros planos para o futuro ex-tucano e defende que ele concorra ao governo paulista.
Outra maneira de formar uma aliança entre Kalil e Lula é colocar um nome próximo ao ex-presidente na chapa do prefeito ao governo. Recentemente, o PT participou de uma reunião com PSOL, PCdoB, PSB e PV para discutir o lançamento de uma candidatura de esquerda no estado. No entanto, não se descarta que da articulação surja uma indicação para vice de Kalil.
Atualmente, o PT trabalha para lançar o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, como pré-candidato ao Palácio da Liberdade. No entanto, caso ele não se viabilize, o partido não descarta uma aproximação com Kalil.
Outra possibilidade de vice para Kalil é o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus (PV).

