Alvo de críticas de Malafaia por resistência a PL da anistia, Marcos Pereira responde a ataques
Pereira, que é membro da Igreja Universal, afirmou não ser possível "anistiar quem ainda não foi condenado"
Após ser criticado por Silas Malafaia por não apoiar o projeto de lei que prevê anistia aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos) respondeu aos ataques do pastor em uma publicação nas redes sociais.
Pereira, que é membro da Igreja Universal, afirmou não ser possível "anistiar quem ainda não foi condenado".
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Mais cedo, Malafaia havia se referido ao parlamentar como "cretino".
"Na mesma entrevista em que ele usa para me atacar eu falo que a decisão será tomada pela bancada, e minha impressão é a de que tem uma tendência favorável à anistia", escreveu Marcos Pereira na publicação feita no início desta noite no Instagram.
"Enquanto isso, Malafaia, uma espécie de Rasputin Tupiniquim, chega a espumar pela boca nas suas manifestações cheias de cólera. Ele precisa se acalmar e parar de induzir a guerra enquanto muitos, incluindo a mim mesmo, têm trabalhado pela pacificação", completa o deputado federal. Ele diz ainda que o pastor "exala e transpira ódio"
Em um vídeo publicado no Instagram, Malafaia diz viver "um misto de indignação e vergonha" com uma declaração feita por Pereira à CNN nesta terça-feira.
Nela, o deputado federal afirmou que, mesmo enxergando que há uma parte grande da bancada do Republicanos favorável ao projeto da anistia e considerando que algumas penas foram "exageradas", espera que a discussão dele só aconteça em 2026, após a próxima eleição presidencial.
“Esse tema da anistia é um tema muito sensível. Nós não debatemos ainda esse tema na bancada do Republicanos. Nós temos hoje uma bancada de 44 deputados federais e precisa ser debatido. O sentimento que eu tenho, das minhas conversas individuais com os meus colegas de partido, é de que há um amplo favoritismo da bancada para apoiar essa pauta, porque entendem esses colegas que algumas penas estão exageradas. (...) O ideal é que o debate de 2026 seja feito sem essa pauta, que eu penso que não só contamina o debate da eleição presidencial como também a própria governabilidade e a própria atuação da Câmara e do Senado”, disse Pereira.
No vídeo, Malafaia afirma que o deputado envergonha os evangélicos ao se posicionar contra a votação do projeto:
— Estou em um misto de indignação e vergonha. O pastor Marcos Pereira envergonha a Igreja Universal e todos os evangélicos. Ontem, ele deu uma entrevista na CNN dizendo que o projeto da anistia não deve ser votado agora porque ele contamina o debate de 2026. Tem que ser muito cretino para falar isso. Nesta mesma entrevista ele diz que Lula está experiente e sabe fazer política. Sabe por que ele diz isso? Porque o partido dele tem ministério neste governo e tem cargos — afirmou Malafaia.
Na mesma publicação, Malafaia cobrou um posicionamento de políticos filiados ao Republicanos, que assim como ele são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e já se manifestaram favoráveis ao projeto da anistia.
— O governador Tarcísio, que é do Republicanos, estava na manifestação aqui no Rio, ele é a favor. A Damares é a favor da anistia, o general Mourão. Gente expoente do partido. Quem é você? Essas pessoas, ou saem deste partido ou se posicionam veementemente contra ele — afirmou Malafaia
Ato Copacabana
O pastor Silas Malafaia é um dos principais defensores do projeto que prevê anistia para os participantes dos atos de 8 de janeiro, quando manifestantes depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, inconformados com a vitória de Lula nas eleições.
O religioso organizou o ato promovido por Jair Bolsonaro na Praia de Copacabana no último domingo, em prol do texto legislativo.
Malafaia foi, mais uma vez, o responsável pelos ataques mais ríspidos a Moraes, a quem tratou como "criminoso".
Criticou o inquérito das Fake News, a delação premiada do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e provas coletadas que embasaram a denúncia da tentativa de golpe de Estado.
Criticou ainda o que vê como celeridade do Judiciário ao julgar o caso.
Além de inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro pode se tornar este mês réu por uma trama golpista para permanecer no poder.
Ele e outras 33 pessoas foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por cinco crimes.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga a denúncia a partir de 25 de março.

