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[Ao vivo] CPI ouve Jailton Batista, da farmacêutica Vitamedic

Diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton BatistaDiretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista - Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

A CPIda Pandemia ouve, nesta quarta-feira (11), o diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista. O depoente vai explicar sobre as vendas do “kit covid”, um conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.

Antes do início do depoimento, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), conversou com jornalistas sobre os próximos passos da investigação. Ele também falou da expectativa para o depoimento de hoje. Disse que quem deveria ser ouvido, conforme o requerimento aprovado, seria o dono da farmacêutica Vitamedic, José Alves Filho, e não o diretor-executivo, Jailton Batista. "Não era para estar aqui um senhor que não é o responsável. O responsável é o dono da Vitamedic".  

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que Jailton Batista, da Vitamedic, será cobrado sobre possível aliciamento do grupo Médicos pela Vida para a prescrição do "tratamento precoce", que inclui a ivermectina, medicamento produzido pelo laboratório. 

Rogério também disse que os próximos depoimentos serão importantes para acrescentar informações sobre a tentativa de intermediação de vacinas para o Ministério da Saúde.



O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou  que o secretário-executivo da Vitamedic, Jailton Batista, deverá falar sobre o patrocínio da farmacêutica para que médicos receitassem a ivermectina. "Havia um sujo interesse empresarial que precisa ser investigado".

Em ofício enviado à comissão, o empresário argumenta que, como acionista da Vitamedic, poderia responder apenas sobre “investimentos fabris e novas aquisições”. Ele sugere que a CPI tome o depoimento de Jailton Batista, a quem caberia “a administração das rotinas diárias” da empresa.

Em sua apresentação inicial, Jailton Batista informou que trabalha na indústria farmacêutica há 35 anos e, há seis, como CEO da Vitamedic, localizada no polo industrial de Anápolis (GO). Ele disse que compareceu “com tranquilidade” à CPI para responder aos questionamentos dos senadores.

Ao afirmar que a Vitamedic não vendeu ivermectina para o governo federal, Jailton Batista informou ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que a empresa também comercializa outros medicamentos do “kit covid”, como polivitamínicos, corticóides, antitérmicos e analgésicos.

A Vitamedic teve faturamento de R$ 200 milhões em 2019, R$ 540 milhões em 2020 e R$ 300 milhões até julho de 2021, segundo o diretor-executivo da empresa.

Somente com a ivermectina, a empresa faturou R$ 15,7 milhões em 2019, número que passou a R$ 470 milhões em 2020 e, de janeiro a maio deste ano, está em R$ 264 milhões.

Jailton Batista disse que não pode avaliar o impacto das declarações do presidente Jair Bolsonaro em defesa da ivermectina sobre o faturamento da Vitamedic.

"Não temos como medir. Antes que houvesse alguns pronunciamentos, desde a eclosão da pandemia, quando os primeiros estudos in vitro apontaram que a ivermectina, tinha alguma ação, isso desencadeou o interesse pelo produto. Ele passou a ter visibilidade maior. Mas não temos como medir o que impactou a fala do presidente no nosso negócio", afirmou.

O representante da Vitamedic disse ainda que a empresa não conduziu estudos sobre a eficácia da ivermectina para o tratamento da covid-19. Segundo Jailton Batista, a farmacêutica continuou vendendo compridos porque “produz o que o mercado demanda”.
Renan Calheiros (MDB-AL) quis saber detalhes sobre a bula da ivermectina. Jailton Batista especificou que o medicamento é um produto antiparasitário consagrado terapeuticamente, há 35 anos no mercado, usado no tratamento contra verminose.

A Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o diretor-executivo da Vitamedic ainda informou que o medicamento possui baixo impacto de efeitos colaterais, no entanto destacou que, como todo medicamento, deve obedecer a orientações medicas. O senador contestou a afirmação. Disse que o uso, de acordo com o que foi recomendado pelo chamado "tratamento precoce", com doses altas contínuas, levavam a toxicidade no fígado.   

Requerimento
O requerimento original previa a presença de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho. A convocação dele foi sugerida pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). José Alves Filho já teve os sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário quebrados pela CPI.

A Vitamedic foi alvo de um requerimento de informações aprovado em junho pela CPI. De acordo com relatórios enviados à comissão, apenas as vendas da ivermectina saltaram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões em 2020 — um crescimento superior a 1.105%. O preço médio da caixa com 500 comprimidos subiu de R$ 73,87 para R$ 240,90 — um incremento de 226%.

Ineficácia
O diretor-executivo da Vitamedic reconheceu que a Merck, primeira fabricante da ivermectina, informou em comunicado não haver evidência de que o produto funcione contra a covid-19. 

"Vocês vendiam e não diziam em bula que a ivermectina não salva vidas contra a covid-19. Isso levou a morte de muitos amazonenses, e isso não ficará impune", afirmou o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Patrocínio
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), Jailton Batista confirmou que a Vitamedic patrocinou propaganda da Associação Médicos pela Vida. Segundo o depoente, a empresa assumiu o custo da veiculação de um manifesto da entidade em jornais em 16 de fevereiro sobre "medicamentos contra Covid-19". 

Reuniões
Jailton Batista disse que a empresa nunca se reuniu com representantes do Ministério da Saúde, nem com "gabinete paralelo". Mas respondeu ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que desconhece se houve encontros com outras autoridades do governo.

Lucro
A expansão de 2.900% no lucro da farmacêutica Vitamedic em 2020 não se refere apenas ao aumento das vendas de invermectina, apontou Jailton Batista, em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL). De acordo com o diretor-executivo, a empresa conta com um portfólio de 120 produtos e "todos compõem esse resultado".  Ele afirmou ainda que todos os produtos "usados no tratamento da covid" registraram aumento nas vendas. 

 

 

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