Após divergência de Fux, Bolsonaro assiste ao julgamento ao lado de Michelle e sem os filhos
Ex-presidente recebeu com alívio voto divergente
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a acompanhar de casa, nesta quinta-feira (11), o julgamento da ação penal em que é acusado de participação na trama golpista de 8 de janeiro. Assim como nos últimos dois dias, o ex-presidente esteve ao lado apenas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, sem a presença dos filhos nem de outros aliados autorizados a visitá-lo em Brasília.
Na casa, também está o irmão de consideração da Michelle que tem atuado como motorista da família, Eduardo Torres.
O registro contrasta com outros momentos de crise, quando Bolsonaro costumava se cercar de parlamentares, advogados e assessores para demonstrar força política. Agora, a opção tem sido por uma rotina mais discreta, restrita à companhia de Michelle.
O senador Flávio Bolsonaro manteve sua rotina no Congresso, entre conversas de bastidor no Senado. Carlos e Jair Renan também não apareceram na residência da família, embora tenham reforçado nas redes sociais a defesa do pai. Já Eduardo segue nos Estados Unidos, onde está desde fevereiro. Para interlocutores, a ausência dos filhos é um movimento calculado para manter a normalidade.
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Bolsonaro e Michelle acompanham o voto da ministra Cármen Lúcia, que deve reforçar a posição do relator Alexandre de Moraes pela condenação do ex-presidente. Pessoas próximas relatam que ele está sem sinais de abatimento.
Mais cedo, ele chegou a sair no lado de fora da casa, no limite da garagem. Bolsonaro sorriu e acenou para a imprensa que estava no local.
Desde ontem, quando o ministro Luiz Fux abriu divergência pela absolvição, Bolsonaro teria se animado e repetido a interlocutores que “o importante é que houve divergência”.
O voto de Fux virou peça central na estratégia. Bolsonaro insiste que a manifestação do ministro deve ser valorizada como demonstração de que o processo não é unanimidade no Supremo. Advogados já trabalham para usá-la em eventuais recursos, enquanto aliados políticos destacam que a divergência ajuda a sustentar pressões pela aprovação da anistia aos envolvidos em todos os atos que culminaram no 8 de janeiro de 2023.
Nesta semana, Michelle cancelou compromissos para permanecer ao lado do marido em tempo integral. Além de dividir a rotina das transmissões do julgamento, é ela quem prepara as refeições de Bolsonaro e funciona como principal apoio no período de reclusão em Brasília.
A expectativa de Bolsonaro e seus aliados é que ocorra a condenação. Hoje, ao chegar ao Supremo, seu advogado, Paulo Bueno, afirmou que irá pedir prisão domiciliar em uma eventual decisão contrário ao cliente. Com a saúde fragilizada, o ex-presidente enfrenta crises de soluço após a facada das eleições de 2018.

