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RIO DE JANEIRO

Após prisão de presidente da Alerj, relator do projeto Antifacção diz que crime organizado avança

Alessandro Vieira afirma que grupos têm 'estrutura econômica poderosa'

O relator do PL Antifacção, senador Alessandro Vieira (MDB-SE) O relator do PL Antifacção, senador Alessandro Vieira (MDB-SE)  - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relator do projeto Antifacção no Senado, Alessandro Vieira (MDB-ES), afirmou após a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que o crime organizado se expandiu para a política, o que reforça a necessidade de aprovação do texto.

Vieira apresentou o parecer do projeto nesta manhã e faz a leitura na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

"O avanço do crime organizado no Brasil se materializa aos nossos olhos. No dia de hoje, foi preso o presidente da Assembleia do Rio. Então, acho que a compreensão do que é crime organizado deve ser um preâmbulo. O crime organizado não é apenas a materialização do pobre, na favela, com fuzil. O crime organizado é uma estrutura econômica poderosa, infiltrada em todos os ramos do poder dentro e fora desse país", disse o senador.

Bacellar foi preso na manhã desta terça-feira pela Polícia Federal. A operação foi deflagrada para combater a atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas da investigação que prendeu o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias. Ainda não foi confirmada como ocorreu o vazamento. De acordo com a PF, a ação ilegal causou obstrução na investigação realizada no âmbito da Operação Zargun.

Agentes da PF estão nas ruas para cumprir um mandado de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão, além de um mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia da operação Zargun, a PF informou que seria instaurado um inquérito para apurar um possível vazamento da ação. A suspeita surgiu porque TH Jóias deixou sua casa na noite anterior à operação que realizaria sua prisão. O político foi localizado em outro endereço.

A ação acontece no contexto da decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 635/RJ (ADPF das Favelas), que, entre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos.

Operação Zargun
Em setembro, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a investigação, TH Jóias utilizava o mandato na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso —, para um cargo parlamentar.

Foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva dos quais 15 foram efetivamente cumpridos, além de 22 de busca e apreensão, com ações em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia, na Zona Oeste, e em Copacabana, na Zona Sul. Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram um malote com apreensões.

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