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ESTADOS UNIDOS

Assessor de Trump faz ameaças a "aliados de Moraes": "fortemente aconselhados a não auxiliar"

Darren Beattie afirma que o ministro é o "principal arquiteto do complexo de censura e perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Donald Trump, presidente dos Estados UnidosDonald Trump, presidente dos Estados Unidos - Foto: Win McNamee/Getty Imagens via AFP

O subsecretário de Donald Trump, Darren Beattie, fez ameaças a "aliados" do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta quarta-feira e disse que o magistrado "é o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A declaração ocorre dois dias após o magistrado decretar a prisão domiciliar do antigo chefe do Executivo brasileiro.

"Os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção Global Magnitsky do Presidente Trump. Os aliados de Moraes na Suprema Corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não auxiliar ou encorajar o comportamento sancionado de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto", escreveu Beattie, em inglês, no X.


O mesmo tom foi adotado por Beattie em outras postagens. "A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes contra Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos", disse em post, no mês passado, que anunciou a suspensão dos vistos americanos dos integrantes da Corte e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

"O juiz Moraes é o coração pulsante do complexo da perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, o que cerceou a liberdade de expressão nos Estados Unidos. Graças à liderança do Presidente Trump e do Secretário Rubio, estamos atentos e agindo", escreveu em outra postagem.

Como mostrou o Globo, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhece que a pressão da Casa Branca contra o Brasil pode aumentar, em meio ao início do tarifaço. Porém, a posição atual permanece: a crise entre o Judiciário brasileiro e o presidente americano, Donald Trump, deve ficar de fora de uma negociação comercial.

Após a prisão domiciliar de Bolsonaro, a diretriz de não misturar comércio com política é a mesma. As palavras mais usadas no momento são diplomacia e pragmatismo.

De acordo com interlocutores que acompanham o assunto, é cedo para dizer que a prisão de Bolsonaro vai dificultar uma negociação que ainda nem começou. Até o momento, não foi aberto um canal de diálogo entre os dois países, além de conversas informais e de bastidores.

Integrantes do governo afirmam que a reação do Departamento de Estado dos EUA à decisão de Moraes pode indicar novas sanções contra membros da Suprema Corte. No entanto, há um discurso pronto do lado brasileiro que diz que o princípio básico da democracia é um Judiciário independente e, por isso, não se deve especular se Moraes agiu bem ou mal.

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