Boulos diz que vídeo de tornozeleira de Bolsonaro violada é "prova impressa e auditável"
Declaração de ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi dada em entrevista ao UOL
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos afirmou, nesta segunda-feira, que o vídeo gravado pela Polícia Federal mostrando a tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro queimada é uma "prova impressa auditável" de que o ex-presidente queria retirar o equipamento.
A declaração, dada em uma entrevista ao UOL, ironiza a tese defendida por apoiadores do ex-mandatário de que os votos nas eleições deveriam ser impressos.
— A prisão preventiva foi decretada com uma prova inequívoca. Alguns questionaram no primeiro momento, antes do Supremo Tribunal Federal divulgar o vídeo da tornozeleira com solda, questionaram se a medida era adequada ou não. Depois desse vídeo, é absolutamente inquestionável. Nós temos uma prova impressa e auditável daquilo que levou o Bolsonaro à cadeia, que foi uma tentativa absurda de descumprir ordem judicial e retirar a tornozeleira eletrônica — disse Guilherme Boulos
O ministro comentou ainda a condenação de Bolsonaro por tentar um golpe de Estado e afirmou que julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) será exemplo para gerações futuras.
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— Bolsonaro foi preso por tentativa de golpe de Estado. Isso tem uma importância política histórica para o Brasil, porque é a primeira vez que alguém que tentou dar golpe, tentou instaurar uma ditadura, paga pelos seus crimes. Nós não tivemos isso lá atrás no golpe de 64 e nenhum golpista, torturador, ninguém que perseguiu foi preso, ninguém pagou pelos seus crimes. Agora, nesse julgamento da trama golpista, tanto Bolsonaro como generais estão presos por isso. Isso é um sinal para futuro de que o Brasil não admite nada que ataque a nossa democracia, de que o Brasil não vai admitir golpe de Estado, e isso fortalece a democracia brasileira, aliás, tem sido reconhecido dessa forma no mundo todo— ganatiu
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso neste sábado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A decisão foi tomada porque o magistrado considerou que havia risco de fuga e não existiam mais condições para manter a prisão domiciliar. Além disso, Bolsonaro reconheceu ter usado um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira eletrônica que utilizava como medida cautelar por determinação do STF.
A prisão é preventiva e não está relacionada com a execução condenação pela tentativa de golpe de Estado. No caso da trama golpista, a decisão ainda não transitou em julgado, ou seja, ainda há prazo para a apresentação de recursos.
A decisão de Moraes afirma que a tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro foi violada pouco depois da meia-noite deste sábado. Além disso, o despacho cita uma vigília convocada para esta noite pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para a porta do condomínio onde o ex-presidente mora.
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde agosto, medida relacionada a uma investigação sobre a atuação de seu filho Eduardo Bolsonaro para coagir a Justiça por meio da articulação de sanções pelo governo de Donald Trump contra a economia brasileira e contra autoridades do Supremo Tribunal Federal e do governo federal. Eduardo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e virou réu no STF.
A prisão domiciliar foi decretada após o descumprimento das medidas cautelares determinadas pela Corte no curso daquele processo, além da alegação, pela Polícia Federal, de risco de fuga.

