Carlos Bolsonaro foi idealizador de esquema de ''inteligência paralela'' montada na Abin, diz PF
Documento de 1.125 páginas, tornado público por decisão de Moraes, aponta papel central do vereador em suposta organização criminosa investigada pela PF
O relatório final da Polícia Federal sobre a chamada Abin Paralela aponta que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, idealizou a suposta estrutura clandestina de inteligência no governo anterior.
Ao detalhar a participação de Carlos no suposto esquema, a PF diz que o vereador "foi beneficiário direto de informações coletadas por essa estrutura, incluindo dados sobre investigações em curso que pudessem atingir o núcleo político ou familiar".
Nesta terça-feira (17), a Polícia Federal confirmou o envolvimento de Jair Bolsonaro no esquema de espionagem ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e indiciou Carlos e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A apuração teve início após o Globo revelar, em março de 2023, a compra de um sistema espião pela agência para monitorar a localização de alvos pré-determinados em todo o país. A estrutura montada no órgão de inteligência ficou conhecida como "Abin paralela".
Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas no caso. Na lista estão ainda nomes que integram a atual gestão da agência, como os delegados Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega e o corregedor-geral José Fernando Chuy. Todos eles são delegados de carreira da Polícia Federal nomeados ao cargo no governo Lula. Procurada, a Abin não comentou.
Segundo os investigadores, Carlos 'era o destinatário final ou direcionador das informações produzidas pela estrutura paralela da Abin'. A PF ainda destaca que Carlos "figura no cerne das ações delituosas da ORCRIM e, conforme corroborado por testemunhas, foi o idealizador da ‘inteligência paralela’ formada por ‘1 (um) delegado e 3 (três) agentes’, por não confiar nas estruturas oficiais". A sigilo do relatório foi retirado nesta quarta-feira por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

