Cármen brinca sobre pedido de Dino para intervenção em voto após Fux pedir para não ser interrompido
"Eu concedo, como sempre. Está no regimento do Supremo", disse a ministra
Em uma indireta à duração do voto do ministro Luiz Fux, que levou 11 horas e meia na véspera, a ministra Cármen Lúcia disse que não vai ler seu voto na íntegra durante a sessão desta quinta-feira (11) do julgamento da trama golpista. Em outra referência velada ao colega, Cármen também brincou após um pedido do ministro Flávio Dino de fazer um "aparte" ao voto — um comentário sobre o que ela havia dito.
— Eu concedo, como sempre. Está no regimento do Supremo. Debate faz parte dos julgamentos, tenho o maior gosto em ouvir, eu sou da prosa — afimou a ministra após o pedido de Dino. — Todos desde que rápidos, porque também, nós mulheres ficamos nós mulheres ficamos 2 mil anos.
— Escrevi um voto com 396 páginas, mas eu não vou ler, vou ler resumo, não se preocupe — completou.
Na sessão de terça-feira, a primeira da fase de votos, Fux reclamou de uma intervenção feita por Dino durante a manifestação do relator, Alexandre de Moraes. Segundo Fux, os integrantes da Primeira Turma haviam combinado previamente que não haveria comentários enquanto um dos magistrados estivessem votando. O episódio evidenciou a tensão envolvendo a análise da ação penal que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados como réus.
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Ministros da Primeira Turma esperam um voto "lapidar" de Cármen Lúcia nesta quinta-feira, em contraponto ao posicionamento do ministro Luiz Fux — que durante toda esta quarta-feira apresentou um voto em que disse não ter visto tentativa de golpe nos atos cometidos pelos réus do núcleo crucial da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras sete pessoas.
Para integrantes do colegiado, é esperado que a ministra, decana da Primeira Turma, faça um voto "diametralmente oposto" do proferido por Fux, com uma enfática defesa da democracia. Os colegas avaliam que Cármen será cirúrgica, mas sem expor o companheiro de atividade judicial.
Além de Bolsonaro, são réus o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.
No caso de Cid e Braga Netto, já há maioria na Turma para condená-los pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,mas o placar também está 2 a 1 nos demais crimes imputados a eles na denúncia: tentativa de golpe de Estado, organização crimonosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

