Ter, 16 de Dezembro

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Brasil

Cartazes e slogans anti-Trump marcam manifestação de esquerda na avenida Paulista

Ato tinha sido convocado inicialmente com pauta crítica ao Congresso e pela taxação de super-ricos

Ato contrário ao presidente dos Estados Unidos na Avenida Paulista, em São PauloAto contrário ao presidente dos Estados Unidos na Avenida Paulista, em São Paulo - Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP

Cartazes e slogans contrários ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcam a manifestação de lideranças da esquerda na noite desta quinta-feira (10), na avenida Paulista, em São Paulo.

Organizado pela Frente Povo Sem Medo e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o ato tinha sido convocado inicialmente com os temas da taxação dos super-ricos, da crítica ao Congresso e da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.


Trump atribuiu parcialmente a taxação de 50% aos produtos brasileiros, a partir de agosto, ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e a decisões do judiciário contrárias a gigantes da tecnologia americanas, como Meta e Google.

O anúncio gerou uma reação imediata do governo brasileiro, que prometeu agir com base no princípio da reciprocidade. A disputa já impacta o ato em São Paulo, onde os slogans incluíam frases como "O Brasil (...) não será tutelado por ninguém".

— O ato já tinha sido como convocado pela taxação dos super-ricos e agora o Trump adiciona mais esse elemento, que é essa taxação absurda provocada pelos bolsonaristas — disse o deputado federal Rui Falcão (PT) durante a manifestação.

Nas redes sociais, o governo Lula (PT) também conseguiu mobilizar a base de apoiadores. A postagem do Lula sobre o tema teve o triplo de engajamento em comparação com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A equipe de comunicação do governo captou a fragilidade, explicada pela proximidade do bolsonarismo com Trump. Como mostrou a coluna de Lauro Jardim, Sidônio Palmeira, responsável pela comunicação do governo, tenta emplacar o slogan “Lula quer taxar os bilionários; Bolsonaro quer taxar o Brasil”.

— É uma ótima linha (o slogan), porque é verdade. O que os movimentos (que organizam o ato) querem é dialogar com a sociedade e, se o Trump não recuar, com certeza será motivo para novas manifestações de rua — afirmou ao GLOBO a coordenadora nacional do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Ana Carla Perles.

A Frente Povo Sem Medo é um dos principais braços de mobilização da esquerda para atos de rua. Criado em 2015, o movimento organizou manifestações contra o pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e, posteriormente, ocupou o triplex no Guarujá atribuído ao ex-presidente Lula nas investigações da Operação Lava Jato.

Recentemente, o grupo e o MTST invadiram a sede de um prédio do Itaú, na Faria Lima, em São Paulo.

Nos últimos dias, no campo de batalha digital, os movimentos passaram a utilizar inteligência artificial e publicações com imagens das Casas Legislativas em chamas, com a hashtag #congressoinimigodopovo. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), foi o principal alvo.

A militância petista, no entanto, evitou ampliar o escopo de alvos, tendo em vista a necessidade de articulação com o Legislativo às vésperas do ano eleitoral.

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