Caso INSS: PF aponta que "núcleo político" garantia fraudes e blindava grupo de investigações
PF prendeu hoje nove suspeitos e cumpriu 63 mandados de busca e apreensão na nova fase da Operação Sem Desconto
A Polícia Federal afirmou no inquérito sobre os descontos irregulares do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que havia um "núcleo político" responsável por "garantir" a manutenção dos acordos firmados entre entidades sindicais e a autarquia e por blindar os suspeitos de "investigações externas".
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O trecho consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, que expediu 10 mandados de prisão e 63 de busca e apreensão nesta quinta-feira a nova fase da Operação Sem Desconto.
"O Núcleo Político e de Apoio era um dos três núcleos principais da ORCRIM. Ele era composto por parlamentares e assessores, e seu objetivo central era garantir a manutenção do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) junto ao INSS e proteger o grupo de investigações externas", diz o texto.
Segundo a PF, um dos integrantes desse núcleo era o deputado federal Euclydes Marcos Pettersen Neto (Republicanos-MG), que foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira. Ele foi obrigado a colocar tornezeleira eletrônica.
De acordo com as investigações, o nome de Pettersen aparecia em planilhas de pagamentos mensais associado ao codinome "Heroi E". "Conforme apontado pela autoridade policial, a finalidade dos pagamentos era assegurar proteção política à entidade associativa, mediante atuação para impedir fiscalizações e garantir a manutenção do convênio com o órgão previdenciário", diz o texto.
Em nota, o deputado Pettersen afirmou que "apoia integralmente o trabalho das autoridades competentes" e se coloco "à inteira disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários". "Acredito na justiça, na verdade e na importância das investigações sérias, conduzidas dentro da legalidade e com total transparência", disse ele, em nota.
A PF descreveu o parlamentar como "a pessoa melhor paga na lista de propina". Os investigadores identificaram um repasse de pelo menos R$ 14,7 milhões a Pettersen por meio de uma loteria e construtora.

