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Polícia Federal

Chefe da PF critica políticos que só defendem combate ao crime "no discurso"

Andrei Rodrigues aponta contrassenso em situações como a do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que teve a prisão revogada por colegas do Legislativo

Chefe da PF, Andrei Rodrigues critica políticos que só defendem combate ao crime "no discurso"Chefe da PF, Andrei Rodrigues critica políticos que só defendem combate ao crime "no discurso" - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, fez uma crítica nesta segunda-feira aos políticos que defendem na teoria o combate duro ao crime organizado, mas “na prática” são “condescendentes” com alvos de operações de operações da PF. O diretor citou como exemplo a decisão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) de revogar a prisão preventiva do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil).

— Eu me refiro a esse contrassenso de políticos serem vigorosos no discurso contra o crime organizado e, na prática, condescender com o crime ao não permitir a prisão, a continuidade da prisão de um integrante — disse o diretor-geral em conversa com jornalistas. — Nós precisamos de menos condescendência com o crime organizado, menos anistia e mais vigor — acrescentou ele.

Andrei elogiou ainda o “acerto” da chamada “ADPF das Favelas” e citou as prisões de Bacellar e do deputado estadual TH Joias e o desmonte de uma fábrica de fuzis no Rio como resultado da ação do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou uma atuação mais concentrada da PF contra a “atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no Estado e suas conexões com agentes públicos".

Durante a conversa, Andrei afirmou que não se pode banalizar o termo "crime organizado" e ressaltou a importância de "descapitalizar" as facções.

— Quando tudo vira crime organizado nada é crime organizado. Isso dificulta a compreensão do fenômeno com as ferramentas que se precisa ter. O que queremos é fazer um enfrentamento efetivo do crime organizado — disse o diretor-geral.

O diretor-geral rechaçou o que considerou como "discurso simplório" de culpar o governo federal pela entrada de armas e drogas nas fronteiras.

— Nós não podemos transferir responsabilidades. Às vezes vemos um discurso fácil de que basta fechar a fronteira e não tem crime. É um discurso simplório que não leva a nada — disse Andrei, lembrando que só a fronteira do Brasil com a Bolívia é maior do que dos Estados Unidos e México.


— Eu não tenho notícia que os Estados Unidos consiga evitar o problemas com droga, armas. Nenhum país do mundo não têm problema com fronteiras — afirmou Andrei.


Segundo o balanço da corporação, a Polícia Federal deflagrou 3310 operações neste ano, o que representa um acréscimo de 5,6% em relação ao ano passado (3133). Na quantidade de cumprimento de mandados de prisão, também houve uma alta de 10,5% entre 2024 e 2025 - de 2184 a 2413.

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