Comandante do Exército alertou Cid sobre visitas de Mário Fernandes a Bolsonaro: Esse cara é maluco
Em delação, Cid relatou temor de Freire Gomes sobre a possibilidade de Bolsonaro assinar algum decreto golpista
Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o então comandante do Exército, o general Freire Gomes se preocupava com a possibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro assinar um decreto golpista. Em depoimento prestado ao ministro Alexandre de Moraes, Cid contou que visitava o ex-comandante diariamente para relatar os acontecimentos.
De acordo com o depoimento de Cid, Freire Gomes demonstrou preocupação especial com as reuniões entre Bolsonaro e o general Mário Fernandes, apontado na denúncia como uma das lideranças operacionais da tentativa de golpe. Foi Mário Fernandes quem elaborou, segundo as investigações, o plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa a prisão e execução de Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin.
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"Inclusive, o próprio general Freire Gomes, se eu lembro bem, porque ele me ligou desesperado quando ele soube que o general Mário estava indo lá. Ele: "Porra, Cid, você não pode deixar ele ir aí, esse cara é maluco, não sei o quê! Tira ele daí". Eu falei: "Pô, general, eu não posso fazer nada. O presidente chamou, o presidente gosta dele"", afirmou Cid.
Segundo Cid, a preocupação de Freire Gomes levou o então tenente-coronel a atuar como uma espécie de informante ao comandante do Exército. O temor de Freire Gomes, conta Cid, era ser surpreendido por alguma ação de Bolsonaro, como a assinatura de um decreto.
"Toda noite, no final do dia, eu tinha que ir lá na casa dele, né, eu morava próximo dele ali, no SMU (Setor Militar, em Brasília) e eu dava um relato do que estava acontecendo. E se tivesse alguma coisa, no dia, mais grave, eu ligava pra ele", contou Cid.
O ajudante de ordens de Bolsonaro contou ainda que, após algumas reuniões em que interlocutores incentivavam o presidente a tomar uma medida golpista, Cid ligava para o general pedindo que ele visitasse o presidente.
""General, vem pra cá, que o presidente tá reclamando muito, temos que fazer alguma coisa, temos que fazer alguma coisa!". Aí o general vinha e dava uma assentada no pensamento do presidente", conta Cid.

