Sáb, 06 de Dezembro

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JUDICIÁRIO

Como é a escolha de um ministro do STF: sucessor terá de ser indicado por Lula

Processo envolve sabatina na CCJ, votação no plenário e nomeação formal após publicação no Diário Oficial

Escolha de ministro do STF segue um rito que combina critérios jurídicos e negociações políticasEscolha de ministro do STF segue um rito que combina critérios jurídicos e negociações políticas - Foto: Antonio Augusto/STF

A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, anunciada nesta quinta-feira (9), abre uma nova disputa política em torno da sucessão no Supremo Tribunal Federal (STF).

A vaga, que será a terceira a ser preenchida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu atual mandato, deve mobilizar não apenas o Palácio do Planalto, mas também o Senado — responsável por aprovar ou rejeitar o indicado.

Desde a redemocratização, a escolha de um ministro do STF segue um rito que combina critérios jurídicos e negociações políticas. A Constituição estabelece requisitos básicos, mas dá ampla margem de escolha ao presidente da República, que costuma considerar fatores como perfil técnico, alinhamento institucional, equilíbrio entre correntes jurídicas e representatividade.

Uma vez feita a indicação, o nome passa por sabatinas e votações no Senado, em um processo que pode ser rápido ou se arrastar por semanas, dependendo do contexto político.

1. Indicação pelo presidente da República
O ponto de partida é a indicação presidencial. O chefe do Executivo escolhe livremente o nome que deseja ver na Corte, dentro dos critérios constitucionais: ser brasileiro nato, ter entre 35 e 75 anos, possuir notável saber jurídico e reputação ilibada.

Presidentes costumam ouvir ministros, líderes partidários e assessores jurídicos antes de bater o martelo. Em 2023, por exemplo, Lula indicou o advogado Cristiano Zanin, que atuou em sua defesa na Lava-Jato e se tornou o primeiro nome aprovado no atual mandato.

2. Sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
Após a indicação, o nome é enviado ao Senado Federal, onde começa a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), formada por 27 senadores.

A sabatina é um dos momentos mais aguardados do processo. Durante horas — em geral, de oito a doze — o indicado é questionado sobre temas jurídicos, políticos e morais. Os parlamentares podem perguntar de tudo: desde posicionamentos sobre assuntos sensíveis, como aborto, segurança pública e direitos civis, até detalhes sobre a carreira e a vida pessoal.

Ao fim da sessão, os membros da comissão votam a favor ou contra a indicação. A aprovação exige maioria simples — metade mais um dos presentes.

3. Votação no plenário do Senado
Com parecer favorável da CCJ, a indicação segue para o plenário do Senado. Todos os 81 senadores participam da votação, que ocorre de forma secreta.

Para que o nome seja confirmado, é necessário o apoio de pelo menos 41 votos favoráveis — a chamada maioria absoluta. A rejeição de uma indicação é raríssima: o último caso registrado ocorreu ainda no século XIX, no governo de Floriano Peixoto, durante a Primeira República.

4. Nomeação e posse
Aprovado pelo Senado, o nome retorna ao Palácio do Planalto, onde o presidente da República assina o decreto de nomeação, publicado no Diário Oficial da União.

Em seguida, ocorre a cerimônia de posse no plenário do Supremo, com a presença de autoridades dos Três Poderes. O novo ministro assina o termo de compromisso e assume imediatamente a cadeira vaga, herdando o acervo de processos do antecessor — que pode chegar a milhares.

5. Mandato e aposentadoria 
Os ministros do STF têm mandato vitalício, mas se aposentam compulsoriamente aos 75 anos, conforme determina a Constituição.

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