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Corporações não podem silenciar e desestabilizar nações com desinformação, diz Lula no Brics

Lula participou hoje da primeira sessão do ano com a presença dos sherpas (enviados especiais) do Brics, no Itamaraty

Lula na reunião dos sherpas, do Brics, em fevereiro de 2025, no ItamaratyLula na reunião dos sherpas, do Brics, em fevereiro de 2025, no Itamaraty - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em discurso durante reunião dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (26), em brasília, que o desenvolvimento da inteligência artificial não pode deixar o chamado "Sul Global" à margem.

— Grandes corporações não têm o direito de silenciar e desestabilizar nações inteiras com desinformação. Mitigar os riscos e distribuir os benefícios da revolução digital é uma responsabilidade compartilhada — afirmou ele.

O presidente afirmou que o Brasil, que presidente o Brics neste ano, proporá um sistema de governança para a IA durante os encontros. Lula ainda disse que é papel do grupo recolocar o Estado no centro da discussão do tema:

— Qualquer tentativa de desenvolvimento econômico hoje passa pela inteligência artificial. O interesse público e a soberania digital devem prevalecer sobre a ganância corporativa.

Lula participou hoje da primeira sessão do ano com a presença dos sherpas (enviados especiais) do Brics, no Itamaraty. Além dos representantes das 11 nações em desenvolvimento que integram o bloco como membros plenos, foram convidados os embaixadores dos chamados países parceiros que, entre outras características, não têm direito a voto.

O brasileiro fez um discurso em defesa ao multilaterismo. Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula teceu críticas a ações tomadas pelo republicano, como a saída da Organização Mundial de Saúde (OMS), vinculada às Nações Unidas.

— Sabotar os trabalhos da OMS é um erro com sérias consequências. Fortalecer a arquitetura global de Saúde, com a OMS em seu centro, é fundamental para garantir um justo e equitativo acesso a medicamentos e vacinas necessários ao desenvolvimento sustentável de nossos países — disse.

Lula também criticou que países negociem com base na lei do mais forte, afirmando ser "um atalho perigoso para a instabilidade e para a guerra":

— O recurso ao unilateralismo solapa a ordem internacional. Quem aposta no caos e na imprevisibilidade se afasta dos compromissos coletivos que a humanidade precisa urgentemente assumir.

Hoje, o Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Existe a expectativa de, durante a cúpula de líderes do grupo que acontecerá em julho deste ano, no Rio de Janeiro, os países parceiros serem convidados a fazer parte do bloco. São eles Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

A reunião de líderes acontecerá no Rio, porque o Brasil preside o Brics este ano. As prioridades do governo brasileiro são cooperação em saúde global; comércio, investimento e finanças; combate à mudança do clima; governança da inteligência artificial; reforma do sistema multilateral de paz e segurança; e desenvolvimento institucional do Brics.


 

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