Corporações não podem silenciar e desestabilizar nações com desinformação, diz Lula no Brics
Lula participou hoje da primeira sessão do ano com a presença dos sherpas (enviados especiais) do Brics, no Itamaraty
Em discurso durante reunião dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (26), em brasília, que o desenvolvimento da inteligência artificial não pode deixar o chamado "Sul Global" à margem.
— Grandes corporações não têm o direito de silenciar e desestabilizar nações inteiras com desinformação. Mitigar os riscos e distribuir os benefícios da revolução digital é uma responsabilidade compartilhada — afirmou ele.
O presidente afirmou que o Brasil, que presidente o Brics neste ano, proporá um sistema de governança para a IA durante os encontros. Lula ainda disse que é papel do grupo recolocar o Estado no centro da discussão do tema:
— Qualquer tentativa de desenvolvimento econômico hoje passa pela inteligência artificial. O interesse público e a soberania digital devem prevalecer sobre a ganância corporativa.
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Lula participou hoje da primeira sessão do ano com a presença dos sherpas (enviados especiais) do Brics, no Itamaraty. Além dos representantes das 11 nações em desenvolvimento que integram o bloco como membros plenos, foram convidados os embaixadores dos chamados países parceiros que, entre outras características, não têm direito a voto.
O brasileiro fez um discurso em defesa ao multilaterismo. Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula teceu críticas a ações tomadas pelo republicano, como a saída da Organização Mundial de Saúde (OMS), vinculada às Nações Unidas.
— Sabotar os trabalhos da OMS é um erro com sérias consequências. Fortalecer a arquitetura global de Saúde, com a OMS em seu centro, é fundamental para garantir um justo e equitativo acesso a medicamentos e vacinas necessários ao desenvolvimento sustentável de nossos países — disse.
Lula também criticou que países negociem com base na lei do mais forte, afirmando ser "um atalho perigoso para a instabilidade e para a guerra":
— O recurso ao unilateralismo solapa a ordem internacional. Quem aposta no caos e na imprevisibilidade se afasta dos compromissos coletivos que a humanidade precisa urgentemente assumir.
Hoje, o Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Existe a expectativa de, durante a cúpula de líderes do grupo que acontecerá em julho deste ano, no Rio de Janeiro, os países parceiros serem convidados a fazer parte do bloco. São eles Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
A reunião de líderes acontecerá no Rio, porque o Brasil preside o Brics este ano. As prioridades do governo brasileiro são cooperação em saúde global; comércio, investimento e finanças; combate à mudança do clima; governança da inteligência artificial; reforma do sistema multilateral de paz e segurança; e desenvolvimento institucional do Brics.

