Discursos fora de sintonia afetam imagem de Lula
Fechando o terceiro ano do seu terceiro governo, o presidente Lula (PT) não consegue repetir o fenômeno da popularidade, marca das gestões anteriores
Fechando o terceiro ano do seu terceiro governo, o presidente Lula (PT) não consegue repetir o fenômeno da popularidade, marca das gestões anteriores. O máximo de aprovação chega a 47%. Isso pode ser reflexo não apenas de má gestão, mas também de desacertos em suas falas públicas.
Lula tem demonstrado dificuldade de seguir roteiros previamente acertados com seus auxiliares para seus pronunciamentos. O resultado, em alguns casos, tem sido declarações que acabam repercutindo negativamente, afetando sua popularidade. A menos de um ano da eleição, o comportamento acendeu um alerta no governo, que tem demonstrado preocupação com as escorregadas do titular do Palácio do Planalto.
Auxiliares dizem saber que não há como controlar totalmente as falas de Lula. Reconhecem que caso siga apenas os scripts, o presidente poderia perder a espontaneidade, considerada um dos pontos fortes de sua atuação política. Diante desse diagnóstico, o plano, de olho na eleição do ano que vem, é tentar controlar as manifestações do petista repassando a ele informações baseadas em pesquisas para reduzir os deslizes.
O caso mais recente envolveu a operação policial promovida pelo governo do Rio nos complexos da Penha e do Alemão, no fim de outubro, que deixou 121 mortos. Ao falar pela primeira vez sobre o tema, uma semana depois do ocorrido, o presidente tratou a ação como “desastrosa” e ainda afirmou que houve uma “matança”.
A declaração foi dada em uma entrevista para agências internacionais. Até então, o governo vinha adotando uma linha mais cuidadosa, sem críticas diretas à operação, que, segundo pesquisas, foi majoritariamente apoiada pela população.
Em uma postagem em seus perfis nas redes sociais no dia 29, Lula dizia que “não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”, e defendeu a necessidade de trabalho integrado que “atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco".

