Sáb, 06 de Dezembro

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Economia

Empresários pedem a Bolsonaro para manter pacificação e destravar crédito

O encontro foi articulado pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf

Em encontro organizado articulado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Jair Bolsonaro se reuniu com empresáriosEm encontro organizado articulado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Jair Bolsonaro se reuniu com empresários - Foto: Marcos Corrêa / PR

Em almoço no Palácio da Alvorada, um grupo de empresários pediu nesta sexta-feira (3) ao presidente Jair Bolsonaro que mantenha o atual clima de pacificação com o Judiciário e o Legislativo e que adote medidas econômicas para destravar o acesso ao crédito no país.

O encontro foi articulado pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e teve as presenças de empresários como Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Francisco Gomes, da Embraer, Rubens Ometto, da Cosan, e Lorival Nogueira, da BRF.

Segundo relatos feitos à reportagem, no encontro, os empresários presentes elogiaram a nova postura do presidente, adotada desde a semana passada, de evitar embates com o Congresso Nacional e com o STF (Supremo Tribunal Federal).
 



Eles ressaltaram que é necessário que o presidente não recue nessa postura, porque ela é essencial para promover a reconstrução da atividade econômica do país após o arrefecimento dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

"Saímos todos leves dessas reuniões. Sentimos um clima de pacificação e harmonia entre os chefes dos três Poderes. É disso que o Brasil precisa para iniciar a reconstrução com uma agenda de reformas e futuro", disse Skaf à Folha de S.Paulo.

Na reunião, que teve as presenças de ministros como Paulo Guedes (Economia) e Braga Netto (Casa Civil), empresários convidados também disseram que o problema de curto prazo da economia brasileira é a necessidade do governo federal lançar medidas para destravar o crédito.

Segundo a avaliação feita no almoço, o acesso ao crédito ainda não chegou à ponta da cadeia do consumo, o que é importante para restabelecer a economia brasileira, cuja previsão é de que enfrente uma recessão neste ano por causa da atual crise sanitária.

Os empresários presentes ainda defenderam uma sanção célere da medida provisória que prorroga o programa de suspensão de contrato de trabalho e corte de jornada.


A sanção presidencial da iniciativa foi atrasada por causa de um impasse entre Senado e Câmara.
Em razão da demora, nesta semana, começam a perder validade acordos de redução de jornada e corte salarial, cujo prazo máximo era de três meses.

Contratos que haviam sido suspensos pelo período máximo permitido começaram, por exemplo, a ser integralmente retomados em junho.

Para evitar uma judicialização da iniciativa, Bolsonaro se comprometeu a vetar trechos que foram posteriormente incluídos pelo Senado e não passaram pela Câmara.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a levar a questão ao STF, mas, após o acordo do veto, recuou.
Em uma tentativa de proteger os filhos, Bolsonaro deixou de lado desde a semana passada a postura beligerante, deu uma guinada em seu discurso público e passou a adotar um estilo "paz e amor".

Em almoço nesta semana com um grupo de deputados, o presidente chegou a dizer que agora resolveu parar com brigas e priorizar projetos para o país, sobretudo focados na recuperação econômica.

Após operações policiais contra alvos próximos à sua família, Bolsonaro recuou em conduta agressiva e tem feito desde então gestos de pacificação ao Judiciário e ao Legislativo.

A mudança de postura ocorreu após pelo menos dois integrantes da equipe ministerial terem recomendado ponderação ao presidente: Fernando Azevedo (Defesa) e Fábio Faria (Comunicações).

De acordo com assessores palacianos, ambos sugeriram a Bolsonaro que intensifique o diálogo tanto com o Judiciário como com o Legislativo na tentativa de evitar novos reveses, entre eles contra seus filhos.

Em conversas reservadas, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com as situações jurídicas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Segundo relato de um deputado bolsonarista, o presidente chegou a se emocionar recentemente ao citar a possibilidade de uma operação ou de uma prisão de seus dois filhos mais velhos.

 

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