Ex-advogado de Bolsonaro é condenado por injúria racial por chamar atendente de pizzaria de "macaca"
Frederick Wassef negou as acusações repetidas vezes
O advogado Frederick Wassef, que defendeu a família do presidente Jair Bolsonaro, foi condenado nesta quarta-feira a 1 ano e 9 meses de prisão, em regime aberto, por injúria racial. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por chamar de "macaca" uma funcionária de uma pizzaria em Brasília. Ele nega a acusação.
O episódio foi registrado em 8 de novembro de 2020, em uma pizzaria em um bairro nobre de Brasília. A atendente Danielle da Cruz de Oliveira, então com 18 anos, disse à polícia que foi chamada de "macaca" após Wassef reclamar que a pizza "não estava boa". Segundo a jovem, o advogado disse: "Você é uma macaca! Você come o que te derem."
Após apurar o caso, a Polícia Civil concluiu que Wassef praticou os crimes de injúria racial e racismo. O Ministério Público do Distrito Federal concordou com os fatos apurados e denunciou o advogado, que virou réu em fevereiro de 2022.
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O juiz Omar Dantas Lima entendeu que "o conjunto probatório confirmou que o réu desqualificou (a atendente) em razão da cor de sua pele".
"O insulto de 'macaca', direcionado à ofendida, feriu a dignidade dela, uma vez que carregado de aviltamento e sentimento negativo. Sem dúvida, algumas expressões carregam em si um significado ofensivo inequívoco. A expressão 'macaca' — tão bem retratada na prova oral — carrega intenso desprezo e escárnio. A palavra proferida é suficiente para retratar a intenção lesiva do réu", afirmou o magistrado na decisão.
Apesar de condenado por injúria racial, Wassef foi absolvido das acusações de racismo por outro episódio ocorrido em outubro de 2020.
Em outras ocasiões, quando procurado pelo Globo, o advogado disse que a funcionária mentiu e que ele é vítima de "denunciação caluniosa que foi organizada sob orientação de terceiros, visando futura ação indenizatória para ganhar dinheiro, através desta fraude arquitetada".
Relatos de testemunhas
Em depoimentos prestados à Polícia Civil do DF, funcionários da pizzaria detalharam o comportamento de Frederick Wassef. Segundo os relatos, o advogado costumava destratar outros profissionais do estabelecimento.
O gerente da pizzaria disse que Wassef era cliente assíduo e, “costumeiramente, comporta-se de maneira deselegante com os funcionários do estabelecimento, reclamando do atendimento e da qualidade da pizza, utilizando palavras de baixo calão”. A testemunha confirmou ainda o relato de injúria racial.
Outra funcionária da pizzaria contou à polícia outro episódio que teria ocorrido em outubro. Segundo ela, Wassef teria jogado a caixa de uma pizza no chão e dito para ela pegá-la. A funcionário relatou que se sentiu "muito humilhada", mas que pegou a caixa. Depois, segundo ela, comunicou à gerência que não atenderia mais o advogado.

