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Fux estreia na Segunda Turma do STF com casos sobre igualdade de gênero e dúvida sobre Bolsonaro

Ministro fará parte do colegiado pela primeira vez desde que teve mudança de colegiado autorizada por Fachin

Ministro do STf Luiz Fux tem manifestado disposição para seguir atuando nos casos da trama golpistaMinistro do STf Luiz Fux tem manifestado disposição para seguir atuando nos casos da trama golpista - Foto: Gustavo Moreno/STF

O ministro Luiz Fux estreia nesta terça-feira como integrante da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em meio à expectativa sobre o destino de casos relatados por ele, como o recurso de Jair Bolsonaro contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível, em 2023.

A estreia de Fux, o colegiado vai analsiar três reclamações. Duas delas tratam da exclusão de candidatas mulheres em concursos públicos da área militar em Goiás. A terceira diz respeito à responsabilidade civil do Estado por atos de agentes públicos e da autoridade dos precedentes vinculantes do STF.

Ministro do Supremo desde 2011, quando foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff, Fux nunca havia integrado a Segunda Turma antes. Atualmente, o colegiado é composto pelo ministro Gilmar Mendes, que preside o grupo, além dos ministros Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça.

Gilmar e Fux têm um histórico de embates públicos e divergências, especialmente em temas ligados à Lava-Jato e à atuação do Ministério Público. No entanto, em pautas econômicas e trabalhistas, há tendência de alinhamento. Também há distância entre Fux e Toffoli em alguns temas. Os dois costumam votar em sentidos opostos em processos ligados à Lava-Jato.

No caso da Lava-Jato, ainda há ações remanescentes na Corte, como o caso da Construtora Queiroz Galvão e a decisão que anulou os atos da Lava-Jato contra Antonio Palocci, confirmada pela Segunda Turma.

Fux pode influenciar o placar da Segunda Turma, que tem perfil garantista, dependendo de como se alinhará com os demais ministros. Mendonça, por exemplo, já votou pela validade de atos da Lava-Jato contra Palocci e é o relator da repactuação dos acordos de leniência com empreiteiras, demonstrando afinidade com pautas da operação.

Recurso de Bolsonaro
A ida de Fux para a Segunda Turma também gera incertezas sobre o destino de um caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro é o relator do recurso de Bolsonaro contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por abuso de poder político e uso indevido do Palácio da Alvorada. Na avaliação de auxiliares do Supremo, a Primeira Turma será o local de decisão sobre o tema, porque já foi estabelecida a competência do colegiado.

Quando há a chamada “prevenção”, o ministro que muda de colegiado continua relator, mas o caso segue sendo analisado no colegiado onde começou. Neste caso, o substituto de Fux na Primeira Turma não votaria. Essa vaga deve ser preenchido pelo indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula para a cadeira aberta por Luís Roberto Barroso, que se aposentou no mês passado.

A questão da prevenção, porém, já foi vista de forma diferente e discutida em 2004 pelo plenário do STF. Na época, o então ministro Joaquim Barbosa mudou para a Segunda Turma e levou consigo todos os processos que estavam sob sua relatoria, incluindo habeas corpus relacionados à Operação Anaconda. Os réus da operação alegaram que os casos deveriam permanecer na Primeira Turma. A controvérsia girava em torno justamente da Turma “originalmente” competente.

A questão foi levada ao plenário, que decidiu, por maioria, que a prevenção da Turma é uma regra “excepcional” e não absoluta. O então presidente do STF, Nelson Jobim, destacou que, naquele caso específico, cabia a Barbosa julgar os HCs, mesmo após a mudança de Turma.

Caso Fux carregue o recurso de Bolsonaro para a Segunda Turma, a composição pode alterar o cenário do julgamento. Ministros avaliam, contudo, que a chance de reversão da inelegibilidade decretada pelo TSE é considerada mínima.

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