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Imprensa internacional repercute como tarifaço de Trump deu "impulso" à popularidade de Lula

Veículos de comunicação estrangeiros apontaram que "ameaça" do presidente americano contribuiu para reascensão do apoio ao homólogo brasileiro

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A corrida à Presidência do Brasil em 2026 se desenhava como num dejà vu do cenário dos Estados Unidos de 2020: um presidente idoso, com popularidade em queda, enfrentaria um rival (ou aliado dele) que reclamava sem provas de uma fraude eleitoral no pleito anterior. A analogia é do jornal New York Times, que destacou, no caso brasileiro, uma mudança de rumo inesperada: "entrou em cena o presidente Trump".

O NYT e outros veículos da imprensa estrangeira ressaltaram como o tarifaço do presidente americano reacendeu ao homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O jornal New York Times escreveu que a ameaça de Trump de impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras — num apoio expresso ao ex-presidente Jair Bolsonaro e tácito a interesses de Big Techs e outras empresas americanas — "embaralhou o cenário político do Brasil", dando a Lula "um impulso inesperado".

A retórica do republicano, diz o NYT, deu ao petista uma mensagem clara: "não vamos recuar diante de um valentão". A postura de Lula viralizou nas redes sociais, deu novo ânimo a apoiadores e reacendeu "a esperança" de uma quarta vitória em eleição presidencial, no ano que vem.

O jornal americano ouviu cientistas políticos e compilou dados de pesquisas recentes para embasar a análise. O New York Times apontou, ainda, que o impulso pró-Lula "é mais um exemplo do efeito anti-Trump, um fenômeno global que já influenciou eleições no Canadá, na Austrália e em outros lugares", em favor de candidatos que bateram de frente com Trump.

O argentino La Nacion, por sua vez, também citou um "impulso inesperado" para a popularidade de Lula a partir da tensão comercial e diplomática com os Estados Unidos. O jornal argentino destacou que, pela primeira vez no ano, o governo Lula "vê sinais de alívio em sua crise de popularidade". O diário explicou como a gestão petista articulou a resposta a Trump com uma defesa da soberania nacional.

"Desde o anúncio de Trump, o governo Lula tem travado uma intensa batalha política nas redes sociais, apresentando a crise como uma questão de defesa da soberania nacional e buscando desgastar Bolsonaro e seus aliados, associando-os à agressão contra os interesses dos brasileiros. 'Brasil é dos brasileiros' tornou-se um dos lemas do governo, que o próprio Lula exibiu em um boné em uma foto fixada em seu perfil no X", afirma trecho da reportagem.

A agência de notícias Reuters deu destaque a dados da pesquisa Genial/Quaest que mostraram uma reversão da tendência de queda da popularidade de Lula. A taxa de desaprovação do governo recuou numericamente de 57% para 53% em relação à medição anterior, de 4 de junho. O percentual dos brasileiros que aprovam o governo passou de 40% para 43%. Foi a primeira melhora na avaliação depois de uma sequência de reveses iniciada em julho de 2024. A Reuters contextualizou os resultados com efeitos e discursos decorrentes da ameaça de Trump.

A tendência de melhora na popularidade do governo após o “tarifaço” do presidente americano também se refletiu nas intenções de voto para Lula em 2026. Dados da pesquisa Genial/Quaest divulgados nesta quinta-feira (17) mostram que o petista abriu vantagem novamente sobre Jair Bolsonaro (PL) e outros candidatos de direita no segundo turno. Além disso, o percentual de brasileiros que gostaria de ver Lula concorrendo à reeleição cresceu de 32% para 38% desde o levantamento anterior.

(O levantamento da Quaest divulgado nesta quinta-feira foi realizado entre os dias 10 e 14 de julho, de modo a capturar a reação da opinião pública ao “tarifaço” anunciado por Trump aos produtos brasileiros no dia 9. Foram entrevistadas 2.004 pessoas, de maneira presencial, com aplicação de questionários. O nível de confiança na amostra, ou seja, a chance de os resultados refletirem a realidade nesses parâmetros, é de 95%.)

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