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Justiça

"Kid Preto" afirma que carta golpista foi entregue a superior após derrota de Bolsonaro

Réu na trama golpista, Fabrício Moreira de Bastos foi interrogado nesta segunda-feira

Fabrício Moreira de Bastos, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de Bolsonaro e do 52° Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, em Marabá (PA)Fabrício Moreira de Bastos, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de Bolsonaro e do 52° Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, em Marabá (PA) - Foto: Reprodução

O coronel do Exército Fabrício Moreira de Bastos confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a existência da "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro" e disse que recebeu ordens de seu superior no Centro de Inteligência do Exército (CIE) para receber e repassar o documento.

Integrante das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, O militar é réu no núcleo 3 da ação penal da trama golpista, e foi interrogado nesta segunda-feira pelo juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a carta seria uma forma de pressionar o alto comando do Exército a aderir à trama golpista. Na denúncia, há mensagens de Bastos encaminhando a carta a outros militares das forças especiais, o que seria uma tentativa de angariar apoio à ação.

No interrogatório, Bastos disse que recebeu ordens do seu superior no CIE para encaminhar o documento quando ele estivesse pronto. Segundo ele, como participava do grupo de mensagens no qual a carta circulava, pediu que um colega o enviasse o arquivo.

— O coronel De La Vega sabia que a turma de 1997, da qual eu fiz parte, estava preparando algum tipo de manifesto. Ele pediu que fizéssemos contato com esse documento e encaminhássemos para ele. Eu não fazia parte do grupo, mas o Correa Netto, sim, então eu pedi para ele me encaminhar o documento. Quando isso aconteceu, na segunda pela manhã, eu entreguei uma cópia em mãos para o general — disse.

O militar afirmou que a carta era “muito mal escrita” e deveria ser entendida como um “desabafo” dos oficiais responsáveis pelo documento.

— É de uma inocência esses quatro coronéis acharem que eles teriam o condão de pressionar 16 comandantes do Exército. É uma inocência quase franciscana — observou.

A investigação da PF que identificou uma tentativa de golpe de Estado no fim de 2022 que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023 apontou que a referida reunião, em Brasília, teve como objetivo ainda discutir “ações para atingir o ministro Alexandre de Moraes, denominado de ‘centro de gravidade’”.

“Após a reunião, a denominada “Carta ao comandante do exército de oficiais superiores da ativa do exército brasileiro” e os generais contrários ao golpe de Estado foram expostos por Paulo Figueiredo”, informou a PF.

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