Líder do União Brasil na Câmara recusa convite de Lula para assumir Ministério das Comunicações
Governo havia confirmado nome de Pedro Lucas para o cargo, mas deputados e cúpula da legenda fizeram com que ele desistisse
O líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), decidiu nesta terça-feira recusar o convite para se tornar ministro das Comunicações.
A decisão de não entrar no governo aconteceu por um pedido da cúpula do partido, que queria evitar uma disputa pela liderança na Casa.
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O Palácio do Planalto, por meio da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, havia anunciado que o líder partidário iria para o ministério e que deveria assumir o cargo no fim deste mês.
Mesmo assim, uma força tarefa, que incluiu o presidente do União, Antonio Rueda, fez com que o parlamentar recuasse.
A troca na pasta das Comunicações acontece após Juscelino Filho sair do cargo por ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de desvios em emendas parlamentares. Ele nega irregularidades.
O nome do líder partidário para o cargo foi sugerido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), durante um almoço com Gleisi e Rueda.
O encontro aconteceu no dia 8 de abril, mesmo dia em que Juscelino saiu do governo e, naquele momento, Rueda aceitou a sugestão de Pedro Lucas para o cargo.
Colegas de legenda de Alcolumbre dizem que o interesse dele em ter Pedro Lucas como ministro era abrir uma vaga na liderança do partido na Câmara e colocar o ex-ministro da pasta Juscelino Filho na função.
A operação, no entanto, não contou com o endosso da maioria dos deputados do União e nomes como Moses Rodrigues (CE), Damião Feliciano (PB) e Mendonça Filho (PE) se movimentaram para liderar o partido.
Diante da guerra interna pela liderança, Rueda se movimentou para convencer Pedro Lucas a não aceitar o convite.
Davi Alcolumbre é o responsável por intermediar a relação entre o União e o governo. É dele a palavra final para a indicação de todos os ministros que cabem à legenda.
Por conta disso, o senador vem acumulando divergências com outros integrantes da cúpula do União Brasil a respeito da participação do partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos rumos que a legenda deve tomar na eleição de 2026.
Tanto Rueda como o primeiro-vice do União, ACM Neto, defendem uma postura mais distante do governo.
Leia a íntegra da nota de Pedro Lucas Fernandes
Com espírito de responsabilidade e profundo respeito pela democracia brasileira, venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida.
Reflito diariamente sobre o papel que a política deve exercer: servir ao povo com compromisso, equilíbrio e coragem.
Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados. A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil.
Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.
Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam. Continuarei atuando com firmeza no Parlamento, buscando consensos, defendendo a boa política e acreditando que o respeito às diferenças é o que fortalece nossa democracia.
PEDRO LUCAS FERNANDES (MA)
Líder do União Brasil na Câmara dos Deputados
Brasília, 22 de abril de 2025.

