Sáb, 06 de Dezembro

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Política

Lula elogia Supremo em artigo no New York Times

No mesmo texto, o presidente diz querer negociar com Donald Trump (Partido Republicano), mas sugere que o norte-americano é "desonesto"

"A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes", acrescenta Lula"A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes", acrescenta Lula - Foto: Evaristo Sa/AFP

Em meio ao clima tensionado que vive Brasília e o país, em razão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente Lula foi notícia internacional com um artigo no jornal norte-americano New York Times elogiando o Supremo Tribunal Federal pela aplicação da pena de 27 anos e três meses de detenção ao seu antecessor.

No mesmo texto, o petista diz querer negociar com Donald Trump (Partido Republicano), mas sugere que o presidente dos Estados Unidos é “desonesto” e o acusa de usar tarifas e sanções só em busca da impunidade do ex-chefe do Executivo brasileiro Jair Bolsonaro (PL), agora condenado pelo STF por tentativa de golpe.

Lula começa com um tom conciliador ao propor um canal mais elevado de conversa com os EUA. Mas, na sequência, tripudia sobre o que faz a Casa Branca ao dizer que a posição do Brasil está finalmente justificada pelo fato de o país sempre ter sido contra o chamado consenso de Washington.

“Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado consenso de Washington, uma receita política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira”, escreve o presidente brasileiro.

Lula também diz estar “orgulhoso” da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que condenou na quinta-feira Bolsonaro, de 70 anos, e outros 7 réus por tentativa de golpe de Estado. Segundo o presidente, o julgamento se embasou em “meses de investigações” e “não se tratou de uma ‘caça às bruxas’” – referindo-se à expressão sempre usada por Trump para tratar desse caso. Ao citar a regulamentação das redes sociais, Lula diz ser “desonesto” falar desse tema como se fosse uma “censura”.

E completa: “A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes”.

O presidente brasileiro encerra o texto declarando estar aberto a negociar. Diz que diferenças ideológicas não impedem que dois governos trabalhem juntos. “Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em jogo. Em seu primeiro discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2017, o senhor afirmou que 'nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo'. É assim que vejo a relação entre Brasil e Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitar e cooperar para o bem de brasileiros e norte-americanos”, escreveu.

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