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Política

Meira: Lewandowski está fazendo a política partidária de um governo aliado do crime

Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", deputado federal Coronel Meira (PL) criticou duramente a política de segurança pública do governo Lula (PT)

Foto: Meira é Integrante da bancada da bala e da Comissão Especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública

O deputado federal Coronel Meira (PL) criticou duramente a política de segurança pública do governo Lula (PT). Integrante da bancada da bala e da Comissão Especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública, o parlamentar afirma que o projeto tem muitos erros e não deve ser aprovado ano que vem. Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", Meira atribuiu as falhas ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o qual, segundo ele, “não entende nada de segurança pública” e “está fazendo política partidária de um governo aliado do crime organizado”.

O senhor integra a Comissão Especial que avalia a PEC da Segurança. Como andam as discussões sobre esse projeto?

É difícil trabalhar na Câmara quando vem um pacote fechado do governo de um ministro que não entende nada, que é o Ricardo Lewandowski (Justiça). Ele não entende nada de segurança pública. Está até bem assessorado em algumas áreas, mas não adianta se ele não ouve. Prova tal é que recentemente o diretor da Polícia Federal foi dar um depoimento, depois dessa ação do Rio de Janeiro, e o ministro mal educadamente o empurrou. Porque ele está ali simplesmente fazendo política partidária de um governo que na verdade é aliado do crime organizado. Quero que diga que o Coronel Meira está mentindo.

Quais são as suas críticas sobre essa PEC?

É uma enrolação. Ela tenta centralizar tudo no governo federal. Todos os governadores são contra. Além do mais, essa PEC não coloca o dedo na ferida, ela não trata a segurança pública no sentido de haver uma maior união nela a nível de base e ainda tira a autonomia dos estados. E a gente entende, como na saúde e na educação, que tem que ser recriado o ministério da Segurança Pública, para poder ter as políticas voltadas totalmente e um alinhamento.

Hoje não há esse alinhamento?

Hoje a segurança pública no Brasil está uma parte no Ministério da Defesa, com Marinha, Exército e Aeronáutica, e outra parte no Ministério da Justiça, que são as polícias federais. Os governadores têm a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Penal, e os prefeitos têm suas Guardas Municipais. A PEC não fala nada da primeira malha de segurança, que são as Guardas Municipais, a nível de atuação. Em momento algum fala das polícias estaduais, e centraliza toda a segurança pública na Polícia Rodoviária Federal, o que é um absurdo.

Há condições dela ser votada antes das eleições do ano que vem?

Eu entendo que vai ter uma dificuldade muito grande para ser aprovada. Acho que a PEC não será aprovada neste ano. É necessário tratar esse tema na Câmara. Mas a maneira como tudo foi feito foi errada. Ela deveria ser gestada na Câmara Federal, não em um pacote fechado, onde não se discutiu, onde não se fez audiências públicas com todos os segmentos que fazem parte da segurança pública, onde não se teve um planejamento do que seria. Porque já existem muitos órgãos, temos a Secretaria Nacional de Segurança Pública, temos um sistema penal também.

Mesmo sendo um tema cada vez mais requisitado, não há como fazer um esforço para votar?

É um tema que já vem há tempo sendo solicitado pela população. Qualquer pesquisa que é feita apresenta como o maior clamor do povo brasileiro, é a segurança pública. Não é mais saúde, não é mais a educação, não é mais a infraestrutura. Então realmente é importantíssimo.

Esse mês, o Senado instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o crime organizado. Qual a sua expectativa?

É importantíssima essa CPI. Que graças a Deus foi criada no Senado Federal. Nós tentamos criar Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), conseguimos 171 assinaturas de deputados federais e 27 de senadores, mas não conseguimos abrir pelo Congresso Nacional. Sinto não poder participar diretamente, porque só será no Senado. Mas com certeza vou participar das audiências públicas, vou colaborar, porque a gente tem um trabalho em cima do crime organizado e tem que se resolver. Porque hoje o crime organizado, os bandidos, não vão para Goiás, para Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, eles estão subindo para o Nordeste.

Inclusive em Pernambuco?

Em Pernambuco, em Porto de Galinhas, as células já existem, eles montaram. Estão dominando completamente, hoje há cidades fantasmas no Ceará. Estão dando toque de recolher, então essa CPI é importantíssima. Vamos trabalhar e acho que é uma oportunidade verdadeira para que se possa falar em segurança pública real, não essa PEC que foi mandada pelo governo federal para a Câmara dos Deputados.

E como se enfrenta esse problema da segurança?

Não é só aumentar efetivo, não é só aumentar a parte de armamento, de equipamento, de viaturas. Não é só se preocupar em dizer que prestigia a segurança pública. Tem que agir, e para isso, em primeiro lugar, o governador tem que chamar um secretário que seja do ramo, que tenha coragem de enfrentar as dificuldades e que também consiga dialogar com todos os entes que fazem a segurança pública. É fundamental um governador que diga que bandido bom é bandido morto. Tem que ter coragem de fazer, porque a sociedade está clamando por isso.

O Brasil pode se tornar um narco estado?

Acho que o antídoto passa pelos governos que foram eleitos. O governo federal é difícil porque a gente já sabe que esse presidente é alinhado e recebe o crime organizado. Ele recebeu a “dama do tráfico” do Amazonas em Brasília. Existe um relacionamento, eles não podem negar isso. O próprio presidente estava usando o boné do crime organizado. Tudo bem, a gente sabe que ele é bandido, mas ele não pode permitir que isso aconteça. O grande problema hoje é exatamente querer, dar ordem, para que o crime organizado não se instale. Ou não cresça, porque já está instalado.

Falta comando?

Falta comando. A gente vê alguns estados que resolveram o problema. Goiás está resolvido, o Ronaldo Caiado resolveu. Tarcísio de Freitas está com uma dificuldade enorme em São Paulo, mas está combatendo. Por isso eu clamo aos governadores para analisarem bem quem colocarão à frente da secretaria. Não pode levar, como foi o caso do meu Pernambuco, um secretário que não tem nada a ver com o estado. Teve secretários importados em Pernambuco, que não sabiam nem andar na cidade do Recife. Tem que ser alguém que tenha compromisso, que nasceu, que morou.

E hoje como está a situação aqui?

Em Pernambuco, parece que a minha governadora Raquel Lyra (PSD) não sabe qual é o estado em que ela está. Ela diz que não tem crime organizado em Pernambuco. Como é que não tem, Raquel? Quem manda é o comando do Litoral Sul. Existe, Raquel, existe muito. É toque de recolher em Porto de Galinhas, que passou 15 dias sitiado, parado. Eu não posso dizer o nome do então governador, até porque não tenho provas, mas houve um acordo do Governo de Pernambuco com o crime organizado, e está pacificado. Pacificado uma ova.

E quanto à Guarda Municipal do Recife?

A gente tem um prefeito do Recife, o João Campos (PSB), que não permite que sua Guarda Municipal seja armada. A única Guarda Metropolitana das capitais dos 27 estados do Brasil que não é armada é o Recife. Por que, prefeito? O que está faltando? Agora, eu entendo, porque é o PSB. A situação no Rio de Janeiro começou com Leonel Brizola, quando ele proibiu na época as polícias de subirem o morro. E a gente depois descobriu que uma parente dele, que consumia droga alguns amigos. Foi o PSB de lá que resultou nisso, que é o crime organizado mandando totalmente no Rio de Janeiro.

O senhor espalhou outdoors pelo estado com a frase de que “bandido bom é bandido morto”...

Faço parte com muita honra da bancada da bala. Sempre defendi e defendo esse lema. Bandido para mim é um custo enorme. O cidadão brasileiro, mulher e homem, acorda de madrugada, ganha um salário mínimo de R$ 1.500 sacrificado, e com esse salário tem que comprar gás, tem que comprar tudo. E você vê os presídios abarrotados, bandidos que mataram, que estupraram, que fizeram de tudo de terror para a população. E esses camaradas recebendo inclusive um recurso bem maior, com cinco ou seis refeições garantidas. Sou favorável à educação, à polícia preventiva, sou favorável a que as crianças sejam recuperadas, e que aquele cidadão que fez um furto pequeno tenha uma oportunidade de ganhar seu dinheiro certo. Agora, eu defendo as vidas do povo, do cidadão, da mulher, do homem, da criança, do jovem. São vidas ceifadas, e aí vem esse presidente dizer que roubar celular é um crime de menor potencial, que muitas vezes é para comprar uma cervejinha. Isso é uma coisa terrível. Eu queria que fosse um parente dele.

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