Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
STF

Mendonça segue Nunes Marques e vota contra condenação de Carla Zambelli

Julgamento no STF ocorre até esta sexta-feira; Já há maioria pela condenação

Para o ministro do STF André Mendonça, Carla Zambelli foi alvo de uma "provocação gratuita"Para o ministro do STF André Mendonça, Carla Zambelli foi alvo de uma "provocação gratuita" - Foto: Fellipe Sampaio/STF

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhou a divergência aberta por Nunes Marques e votou contra a condenação da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Apesar da posição do ministro, o caso já tem maioria formada pela condenação a cinco anos de prisão e perda do mandato.

Agora, são dois votos a favor da absolvição de Zambelli e seis votos por sua condenação. Apesar de absolver a parlamentar da acusação de porte ilegal de arma de fogo, o magistrado votou pela condenação da deputada a oito meses de detenção, em regime inicial aberto, pelo crime de constrangimento ilegal, após perseguição armada contra um homem às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.

No voto, Mendonça afastou a condenação por porte ilegal, destacando que a parlamentar tinha autorização regular para portar arma, ainda que tenha feito mau uso da licença — hipótese que, segundo ele, deve ser punida apenas na esfera administrativa, com a cassação do porte e apreensão da pistola. Para o ministro, Zambelli foi alvo de uma "provocação gratuita e contínua". 

"De fato, o comportamento de Luan Araújo não exculpa a ação da acusada, pela qual, portanto, está sendo

aqui condenada. Mas seu comportamento prévio, de provocação gratuita e contínua, também se mostrou reprovável e não pode ser olvidado", disse. 

O ministro defendeu que a decisão sobre eventual perda do mandato de Zambelli cabe à Câmara dos Deputados, e não ao STF. Para ele, o respeito à separação dos Poderes exige que seja o Legislativo — e, em última instância, a vontade popular representada pelos parlamentares — quem decida sobre a manutenção ou não do mandato da deputada.

No processo que está sendo analisado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusa de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma, por perseguir o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, em São Paulo, após troca de provocações durante um ato político. Zambelli nega a acusação.

A maioria acompanhou o relator, Gilmar Mendes, para quem a reação armada a provocações não encontra respaldo na lei.

“Ao adentrar no estabelecimento comercial com a arma em punho apontada para Luan, determinando repetidas vezes que o mesmo deitasse no chão, a ré claramente forçou-o a fazer ato contrário a sua vontade, utilizando-se da arma de fogo para subjugá-lo, mediante grave ameaça, restringindo sua liberdade momentaneamente”, afirmou.

Além de Mendes, votaram pela condenação os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Dias Toffoli. O julgamento termina às 23h59 desta sexta-feira.

Veja também

Newsletter