Sáb, 06 de Dezembro

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Câmara dos Deputados

Motta discute votar nova versão de PEC da Blindagem e tenta abrir espaço para anistia alternativa

Presidente da Câmara trocou relator da proposta que trata sobre investigações de parlamentares após desgaste na Casa que suspendeu votação

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos)Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) - Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenta retomar nesta semana a chamada PEC da Blindagem, agora em uma versão diferente da defendida pelo Centrão. Pelo novo arranjo, o Congresso não teria poder de barrar a abertura de investigações contra deputados e senadores pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas caberia aos parlamentares a palavra final sobre o início de ação penal contra um de seus pares.

Os defensores da proposta acreditam que, com a mudança, haverá menos resistências internas e e no Judiciário após semanas de impasse. A expectativa é que a medida possa entrar na pauta de votações ainda desta terça-feira (16).

Em paralelo, Motta também trata sobre a votação da anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro.

Na reunião de líderes nesta terça-feira, o presidente da Câmara discute como conduzir o tema. A ideia inicial é levar amanhã ao plenário o pedido de urgência da proposta apresentada por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

A avaliação do entorno do chefe da Casa é que há a possibilidade de rejeição desse requerimento, o que abriria espaço para a tramitação de um texto alternativo, em discussão no Senado.

Essa versão é relatada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e prevê redução de penas para crimes contra a democracia, sem tratar de anistia. O texto é visto como mais equilibrado e com mais chances de avançar do que o projeto da Câmara.

Troca de relator
Para destravar a PEC, Motta trocou o relator: saiu Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e entrou Cláudio Cajado (PP-BA), aliado próximo do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Lafayette resistia a incluir no texto a previsão de que a Câmara teria de referendar as condenações.

Em reunião no fim de agosto, Lafayette deixou claro a líderes que não queria assumir sozinho o desgaste, o que precipitou sua saída. Cajado assume com a missão de apresentar uma versão mais enxuta e “palatável”, capaz de recompor apoios e levar a PEC ao plenário sem tensionar ainda mais a relação com o STF.

Resistências e cálculos
Mesmo com a mudança, o destino da proposta segue indefinido. Líderes de centro e oposição avaliam que há condições para votar ainda nesta semana. Já aliados próximos de Motta ponderam que ele pode surpreender ao escolher evitar o confronto com o Supremo neste momento, em meio ao acúmulo de atritos entre os Poderes.

Enquanto negocia a PEC, o presidente da Câmara também calibra sua estratégia sobre a anistia. A aposta de pautar o regime de urgência do projeto de Sóstenes é vista como movimento tático: ao rejeitar a urgência, os deputados abririam caminho para discutir a versão costurada por Alcolumbre.

Diferente do texto apresentado pela ala bolsonarista, a proposta do Senado não é ampla e irrestrita, restringindo os beneficiados e buscando não ser vetada pelo Supremo. Nos últimos dias, Motta sinalizou a líderes oposicionistas que o modelo desejado por bolsonaristas dificilmente teria votos para passar na Câmara.

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