Sáb, 06 de Dezembro

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GOVERNO LULA

Omar Aziz critica possível nomeação de Gleisi em pasta no Palácio do Planalto: ''Ela é militante''

Senador também questionou como Lula poderá colocar no governo ''uma ministra que faz críticas a outro ministro''

O senador Omar Aziz (PSD-AM) O senador Omar Aziz (PSD-AM)  - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Após auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmarem que o chefe do Executivo tem avaliado colocar Gleisi Hoffmann na Secretaria-Geral da Presidência, o senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou a possível escolha e afirmou não aprovar a atuação de "ministro militante".

Internamente, a ida da presidente do PT ao governo é considerada uma forma de resolver a sucessão da legenda.

— (A indicação de Gleisi) Não será boa para o presidente Lula. Eu adoro a Gleisi, a Gleisi é minha amiga, não tenho nada contra ela, mas ela é militante — disse Aziz em entrevista do Uol News nesta quarta-feira.

O senador também questionou como Lula poderá colocar no governo "uma ministra que faz críticas a outro ministro".

— Gleisi faz críticas ao Haddad... Como é que você vai botar uma ministra que faz crítica a outro ministro? Me explica aí isso. Como é que você faz isso, hein? Eu queria entender o raciocínio — afirmou Aziz.

Também nesta terça-feira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, cobrou "reciprocidade" de governadores da oposição durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira. O evento ocorreu para anúncio de investimentos para rodovias do Paraná, estado governado por Ratinho Júnior (PSD).

Correligionário de Aziz, o governador aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não participou do evento ou enviou um representante.

— Às vezes, é difícil para alguns governadores prisioneiros da polarização que não reconhecem, mas presidente Lula segue republicano e trabalhando sempre em parceria, porque o Brasil pode fazer muito mais — disse Mercadante, que evitou citar nomes.

Correlação de forçasL
ula leva em consideração, segundo interlocutores, que Gleisi tem boa relação com movimentos sociais e já demonstrou capacidade de mobilização com a esquerda e na defesa do governo. A pasta comandada por Macêdo é responsável pela interlocução com a sociedade civil.

Para aliados da candidatura de Edinho Silva à presidência da sigla, é fundamental que Lula encaminhe o futuro de Gleisi. Interlocutores do presidente entendem que Gleisi pode ser convidada a entrar no governo antes do fim do processo eleitoral da legenda, que termina em junho.

Lula, no entanto, tem demorado a executar trocas. Citam, por exemplo, que a saída de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom) estava definida por Lula desde setembro e só foi sacramentada no final de dezembro.sua

A possível chegada de Gleisi alteraria a correlação de forças no Palácio do Planalto. O núcleo mais próximo de Lula tem se reposicionado desde a saída de Paulo Pimenta e a chegada de Sidônio Palmeira à Secom, com fortalecimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, junto a Lula. Já Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, e Márcio Macêdo têm atuação em áreas distintas e não são próximos.

Petistas avaliam que Macêdo tem uma atuação apagada em uma pasta que sempre teve protagonismo em governo petistas, com capacidade de articulação e de formular políticas. Nos primeiros dois mandatos de Lula, a cadeira foi ocupada por Luiz Dulci, aliado histórico e um dos fundadores do PT.

Apesar do desgaste, aliados de Macêdo apontam que Lula gostou do desempenho do ministro na elaboração do G20 social, em novembro do ano passado. O ministro também deve organizar a participação da sociedade civil na COP30, que ocorrerá em novembro.

Macêdo tem agendas marcadas com o presidente da COP30, André Côrrea de Lago, e viagem marcada para o Recife, onde fará entrega de políticas de juventude na Bienal Cultural da União Nacional dos Estudantes (UNE) e se encontrará com o prefeito João Campos. A pasta também tem discutido o planejamento estratégico do ministério para 2025.

Macêdo é um nome de confiança de Lula e afirma a interlocutores que está no ministério cumprindo uma missão para o presidente. O ministro é considerado um quadro relevante da burocracia partidária, que ganhou a confiança de Lula quando organizou as caravanas pelo país antes de o presidente ser preso em abril de 2018. Foi tesoureiro do PT e comandou as finanças da campanha de 2022, que foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Procurado via assessoria, ele não se manifestou.

Caso a saída de Gleisi da presidência do PT se efetive, outro nome seria escolhido para um mandato-tampão até junho, quando termina o processo eleitoral da legenda. Nesse caso, seria escolhido um dos vices-presidentes. A legenda tem quatro: Humberto Costa (PE), José Guimarães (CE), Washington Quaquá (RJ) e Zé Geraldo (PA).

O senador Humberto Costa e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, são considerados os dois nomes mais bem posicionados para assumir a função por um temporariamente.

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