Ouro e pedras de diamante: veja as joias vendidas pelo deputado TH Jóias
Eleito pelo MDB, ele foi preso no âmbito da operação Zargun, em setembro. Investigação apontou que TH Jóias utilizava o mandato na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer o crime organizado
Nascido no Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, de 26 anos, foi preso em setembro na operação Zargun. Antes da política, a trajetória começou na joalheria: ele herdou do pai, Juberto, o ofício de ourives. Cresceu acompanhando o trabalho da família em Madureira e, aos 19 anos, assumiu o negócio. Investigações posteriores apontaram que, parte das peças confeccionada por TH em sua trajetória, era com ouro roubado.
Até uma estátua de Ganesha, divindade hindu com cabeça de elefante, já foi produzida pela joalheria. A peça chama atenção pela quantidade de pedras preciosas como diamante, rubi, esmeralda e safira.
Paralelamente ao trabalho como ourives, TH buscava ampliar sua influência patrocinando feijoadas, campeonatos de futebol, festas em comunidades e camarotes de carnaval, sempre associado a uma imagem de empresário bem-sucedido e “generoso”. Também financiava projetos sociais em favelas e apoiava atletas e músicos.
Sua aproximação com a política ocorreu por meio do ex-policial Marcos Falcon, então presidente da Portela, assassinado em 2016 durante campanha para vereador. Em seu perfil no site da Alerj, ainda ligado ao MDB, ele afirma que “com recursos próprios, apoiou centenas de atletas amadores e profissionais, além de artistas em ascensão”.
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Histórico de denúncias
TH ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) pelo MDB, após assumir em 2024 como suplente, com a morte do deputado Otoni de Paula Pai. Ele presidia a Comissão de Defesa Civil, responsável por coordenar ações de prevenção a desastres no estado. Preso em setembro, ele tinha um habeas corpus que garantia seu mandato.
Sua trajetória política, no entanto, é marcada por denúncias graves. Ele responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, além de ser suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho (CV). Nesta quarta-feira, ele foi preso na operação da Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro. Pelo menos 18 pessoas foram alvo de mandados, incluindo um assessor direto do deputado, que acabou preso também.
Apesar do histórico criminal, TH se lançou na política pelo MDB, que, após sua prisão, anunciou que o expulsaria do partido. Em 2022, recebeu 15.105 votos, ficando como suplente. Dois anos depois, conquistou a vaga definitiva na Alerj, após obter habeas corpus que lhe garantiu responder aos processos em liberdade. O Ministério Público afirma que o parlamentar teria utilizado o mandato para beneficiar a facção criminosa, nomeando aliados em cargos na Assembleia.
As investigações apontam um esquema de corrupção envolvendo a liderança do CV no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares, ex-secretário municipal e o próprio deputado. Segundo os investigadores, a “organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”. Os investigados poderão responder por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Ao ligar para o gabinete de TH Jóias, a informação fornecida pela atendente é que a equipe não tem nada a pronunciar sobre o caso. Já a Polícia Militar observa que os policiais presos serão conduzidos à unida prisional da corporação.

